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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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AMBIENTE

Programa prevê diminuição de níveis até 2009

Motos cortam emissão, mas ainda poluem 16 vezes mais que carros

ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

As motocicletas feitas no país desde janeiro deste ano estão poluindo 68% menos do que as fabricadas até o ano passado. Daqui a seis anos, o corte terá de ser de 92% em relação aos níveis de 2002. Elas terão de possuir catalisadores e injeção eletrônica.
Mesmo com a redução já conseguida, uma moto nova polui até 16 vezes mais que um carro atual, segundo dados divulgados por Paulo Macedo, coordenador do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares). Uma motocicleta usada é até 35 vezes mais poluente do que um automóvel.
De acordo com Macedo, o governo decidiu fazer só agora um programa para motos porque o crescimento do uso desse veículo é relativamente recente.
A produção nacional de motos estimada para 2003, de acordo com a Abraciclo (associação de fabricantes de motocicletas), é de 1 milhão de unidades. Ela começou em 1975, com 5.220 motos. O grande salto foi entre 1996 e 1997, quando a produção pulou de 288 mil para 426 mil. Só a cidade de São Paulo tem 250 mil motos.

Redução progressiva
O Promot está dividido em três fases. Até o ano passado, uma moto emitia de 24 a 25 gramas de monóxido de carbono -o principal poluente- por quilômetro rodado. Um carro hoje produz na prática 0,7 g/km.
Macedo diz que a primeira fase do programa, iniciada em janeiro, determinou a queda para 12 g/km, mas a média real tem chegado a 8 g/km. Em 2005, na segunda fase, o nível de poluição provavelmente será cortado para 5,5 g/km, segundo o programa.
Em 2009, terceira e última etapa do Promot, o limite legal será de 2 g/km, igual ao dos carros, mas a expectativa é que fique ainda menor, chegando a 0,7 g/km.
A mudança é só para motos novas. As usadas ficam como estão.
Os fabricantes de catalisadores querem convencer a indústria a antecipar a instalação dos equipamentos de 2009 para 2005.
"Quanto antes forem implantados os catalisadores, maior o benefício para a saúde pública. O equipamento abate a poluição em no mínimo 90%", diz Roberto Pereira, presidente da Afeevas (associação dos fabricantes de equipamentos antipoluição).
A Abraciclo (associação dos fabricantes de motos) alega que os custos de pesquisa são altos.
"O Brasil não está estruturado ainda. Há um cronograma estabelecido para a nossa realidade", conta Franklin de Mello Netto, diretor-executivo da Abraciclo.
O coordenador do Promot afirma que não adianta ter pressa. "É besteira fazer pressão [para instalar os catalisadores antes do prazo]. Não há nada pronto. É preciso desenvolver tecnologia específica", declara Macedo.
Segundo Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e do Laboratório de Poluição Atmosférica da universidade, a poluição do trânsito causa desde distúrbio comportamental até morte.


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