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AMBIENTE
Programa prevê diminuição de níveis até 2009
Motos cortam emissão, mas ainda poluem 16 vezes mais que carros
ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
As motocicletas feitas no país
desde janeiro deste ano estão poluindo 68% menos do que as fabricadas até o ano passado. Daqui
a seis anos, o corte terá de ser de
92% em relação aos níveis de
2002. Elas terão de possuir catalisadores e injeção eletrônica.
Mesmo com a redução já conseguida, uma moto nova polui até
16 vezes mais que um carro atual,
segundo dados divulgados por
Paulo Macedo, coordenador do
Promot (Programa de Controle
da Poluição do Ar por Motociclos
e Veículos Similares). Uma motocicleta usada é até 35 vezes mais
poluente do que um automóvel.
De acordo com Macedo, o governo decidiu fazer só agora um
programa para motos porque o
crescimento do uso desse veículo
é relativamente recente.
A produção nacional de motos
estimada para 2003, de acordo
com a Abraciclo (associação de
fabricantes de motocicletas), é de
1 milhão de unidades. Ela começou em 1975, com 5.220 motos. O
grande salto foi entre 1996 e 1997,
quando a produção pulou de 288
mil para 426 mil. Só a cidade de
São Paulo tem 250 mil motos.
Redução progressiva
O Promot está dividido em três
fases. Até o ano passado, uma
moto emitia de 24 a 25 gramas de
monóxido de carbono -o principal poluente- por quilômetro
rodado. Um carro hoje produz na
prática 0,7 g/km.
Macedo diz que a primeira fase
do programa, iniciada em janeiro,
determinou a queda para
12 g/km, mas a média real tem
chegado a 8 g/km. Em 2005, na segunda fase, o nível de poluição
provavelmente será cortado para
5,5 g/km, segundo o programa.
Em 2009, terceira e última etapa
do Promot, o limite legal será de
2 g/km, igual ao dos carros, mas a
expectativa é que fique ainda menor, chegando a 0,7 g/km.
A mudança é só para motos novas. As usadas ficam como estão.
Os fabricantes de catalisadores
querem convencer a indústria a
antecipar a instalação dos equipamentos de 2009 para 2005.
"Quanto antes forem implantados os catalisadores, maior o benefício para a saúde pública. O
equipamento abate a poluição em
no mínimo 90%", diz Roberto Pereira, presidente da Afeevas (associação dos fabricantes de equipamentos antipoluição).
A Abraciclo (associação dos fabricantes de motos) alega que os
custos de pesquisa são altos.
"O Brasil não está estruturado
ainda. Há um cronograma estabelecido para a nossa realidade",
conta Franklin de Mello Netto, diretor-executivo da Abraciclo.
O coordenador do Promot afirma que não adianta ter pressa. "É
besteira fazer pressão [para instalar os catalisadores antes do prazo]. Não há nada pronto. É preciso desenvolver tecnologia específica", declara Macedo.
Segundo Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e do
Laboratório de Poluição Atmosférica da universidade, a poluição
do trânsito causa desde distúrbio
comportamental até morte.
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