|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
peças & acessórios
Adesivo abre olhos de criminosos para rotina de motoristas
Identificação de clubes e faculdades denuncia condição financeira e vai na contramão da segurança
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Aos 9 anos, um pretenso "detetive" mantém um site onde
informa como "investigou"
uma pessoa pelos adesivos do
carro. Mas a brincadeira muda
de parâmetro na vida real.
Segundo a Polícia Militar de
São Paulo, adesivos que identifiquem a situação financeira ou
os locais freqüentados pelo motorista podem torná-lo alvo de
crimes, como seqüestros.
"Quanto menos informações
sobre o motorista houver no
carro, melhor", aponta o capitão da PM Marcel Lacerda Soffner. "O adesivo pode facilitar o
crime, pois dá indícios e vetores
para uma ação criminosa."
Uma rápida volta pelas ruas
paulistanas permite observar
que os adesivos mais comuns
são os de academias de musculação e de artes marciais, de
universidades e de congregações filosóficas ou religiosas
-como igrejas evangélicas.
Um dos brindes que a academia de jiu-jítsu Fight Company
dá na matrícula é um adesivo.
Segundo o atendente Douglas
Oliveira, a maioria dos 450 alunos o estampa na lataria.
"Alguns querem status, mostrar que lutam jiu-jítsu, e outros querem promover o nome
da academia e da equipe em
que lutam", observa.
Na Macaco Gold Team, os
adesivos saem por R$ 5 cada
um, numa média de dez por dia.
"Sejamos realistas: a mensagem que se quer passar é "não
mexa comigo, luto jiu-jítsu'",
diz a atendente Bianca Silva.
Mas o uso também pode ser
obrigatório. Alguns condomínios exigem que os moradores
tenham um adesivo para facilitar o reconhecimento do carro.
O administrador Oswaldo
Leal tem, em seu carro, o adesivo do Rio 2, onde trabalha, e o
do condomínio Barra Sul, onde
mora, mas não acha que haja
riscos, já que são apenas alusivos, com paisagens.
"Mas poderia haver uma forma mais segura de identificação, já que qualquer um pode
conseguir um adesivo através
de um condômino mal-intencionado e entrar no prédio."
Segundo o professor de direito do trânsito do Centro Universitário Curitiba Marcelo
Araújo, o adesivo que permite a
entrada no condomínio é um
indicativo expresso e que fica
exposto o tempo inteiro.
"É quase como dar o endereço ao bandido. Se o sujeito tem
um adesivo de um condomínio
de luxo, de um haras, pobre ele
não é. Quem pode fazer direito
numa faculdade federal, quem
pode pagar uma academia cara? O adesivo pode suscitar admiração e inveja e também ser
um atrativo para o criminoso."
E Araújo crava: "Quem cola
um adesivo desses vai na contramão da segurança pessoal".
Reconhecimento
O aposentado Antônio Carlos Pinto de Arruda carrega o
adesivo da loja maçônica da
qual faz parte. "É um símbolo
importante, que permite aos irmãos se acolherem melhor."
Arruda diz não ter medo de
usar adesivos porque mora em
Bauru (343 km a noroeste de
São Paulo). "De time, por
exemplo, nunca colocaria. Se
ponho adesivo do Corinthians
no carro, no outro dia ele aparece riscado", brinca.
O corretor de imóveis Leandro Mello não crê que o adesivo
da Pró-Vida -que promove o
"aprimoramento e desenvolvimento mental"- ponha sua segurança em risco. "Não tem endereço, só um símbolo e uma frase. Ele serve para que os
membros se identifiquem."
Texto Anterior: Jeep confirma Wrangler até fim do ano Próximo Texto: Fique ligado Índice
|