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Hodômetro fichado
Detran-SP vai vistoriar painéis para evitar falsificação na revenda
ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Detran de São Paulo vai
vistoriar o hodômetro dos carros usados. O intuito é acompanhar a quilometragem ao longo
da vida do carro e evitar a falsificação do marcador, crime comum para tentar valorizar o
carro na hora da revenda.
Bertha Paschoalick, chefe-assistente em legislação de
trânsito do Detran-SP, disse à
Folha que a inspeção do velocímetro ocorrerá na vistoria
obrigatória do Detran-SP para
transferência de propriedade
(venda do carro), que já checa
os números de chassi e placa,
de acordo com a portaria 01/08.
"Os dados do hodômetro poderão ser consultados por todas as pessoas que estão negociando um veículo usado", diz
Paschoalick, que se reuniu na
última terça-feira com o presidente do Detran-SP, Carlos
Pascoal de Toledo. A medida
será publicada no Diário Oficial
no início de dezembro e entrará
em vigor logo em seguida.
O órgão, porém, não definiu
se a consulta será pela internet
ou por telefone. A princípio,
não haverá cobrança. "Se fizéssemos uma vistoria anual, teríamos de contratar uma empresa terceirizada e cobrar por
isso", diz Paschoalick.
O Detran-SP recebeu a sugestão de mudança na lei da deputada estadual Maria Lúcia
Amary (PSDB-SP). "A iniciativa não resolve o problema da
adulteração de velocímetro,
mas é uma forma de inibir essa
prática", opina Amary.
Ela recebeu a denúncia do diretor administrativo Ricardo
Sabanae, 39, que comprou um
Subaru no começo deste ano
com 88 mil quilômetros.
Após constatar um vazamento de óleo, o empresário levou o
carro a uma concessionária da
marca. "O atendente reconheceu o veículo e disse que, na última vez que ele esteve lá, em
2005, estava com 105 mil quilômetros", conta Sabanae. Ele
acredita que o ex-dono tenha
voltado o hodômetro em cerca
de 100 mil quilômetros.
"Registrei um boletim de
ocorrência na delegacia por
precaução, mas sei que é difícil
encontrar o culpado", lamenta.
Hackers
Segundo José Roberto Lima,
engenheiro da fabricante de
painéis Magneti Marelli, o consumidor não tem como saber,
por sinal físico ou eletrônico, se
o painel foi adulterado.
Ele conta que os painéis
usam criptografia, com código
eletrônico e senha, a que nem
as montadoras têm acesso.
"O infrator deve danificar a
área de estabilização do painel,
substituindo componentes. Ou
ainda trabalham com hackers,
que burlam o sistema de segurança", afirma o engenheiro.
Para evitar, a empresa equipou a nova Renault Scénic europeia com um painel que concentra informações do carro
em uma central eletrônica.
"Quem adulterar a memória
da central vai perder outras informações do carro. E o custo
do reparo não vai justificar a
adulteração", prevê Lima.
Essa nova geração de painéis
só chegará ao Brasil em 2011.
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