São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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Hodômetro fichado

Detran-SP vai vistoriar painéis para evitar falsificação na revenda

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Detran de São Paulo vai vistoriar o hodômetro dos carros usados. O intuito é acompanhar a quilometragem ao longo da vida do carro e evitar a falsificação do marcador, crime comum para tentar valorizar o carro na hora da revenda.
Bertha Paschoalick, chefe-assistente em legislação de trânsito do Detran-SP, disse à Folha que a inspeção do velocímetro ocorrerá na vistoria obrigatória do Detran-SP para transferência de propriedade (venda do carro), que já checa os números de chassi e placa, de acordo com a portaria 01/08.
"Os dados do hodômetro poderão ser consultados por todas as pessoas que estão negociando um veículo usado", diz Paschoalick, que se reuniu na última terça-feira com o presidente do Detran-SP, Carlos Pascoal de Toledo. A medida será publicada no Diário Oficial no início de dezembro e entrará em vigor logo em seguida.
O órgão, porém, não definiu se a consulta será pela internet ou por telefone. A princípio, não haverá cobrança. "Se fizéssemos uma vistoria anual, teríamos de contratar uma empresa terceirizada e cobrar por isso", diz Paschoalick.
O Detran-SP recebeu a sugestão de mudança na lei da deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB-SP). "A iniciativa não resolve o problema da adulteração de velocímetro, mas é uma forma de inibir essa prática", opina Amary.
Ela recebeu a denúncia do diretor administrativo Ricardo Sabanae, 39, que comprou um Subaru no começo deste ano com 88 mil quilômetros.
Após constatar um vazamento de óleo, o empresário levou o carro a uma concessionária da marca. "O atendente reconheceu o veículo e disse que, na última vez que ele esteve lá, em 2005, estava com 105 mil quilômetros", conta Sabanae. Ele acredita que o ex-dono tenha voltado o hodômetro em cerca de 100 mil quilômetros.
"Registrei um boletim de ocorrência na delegacia por precaução, mas sei que é difícil encontrar o culpado", lamenta.

Hackers
Segundo José Roberto Lima, engenheiro da fabricante de painéis Magneti Marelli, o consumidor não tem como saber, por sinal físico ou eletrônico, se o painel foi adulterado.
Ele conta que os painéis usam criptografia, com código eletrônico e senha, a que nem as montadoras têm acesso.
"O infrator deve danificar a área de estabilização do painel, substituindo componentes. Ou ainda trabalham com hackers, que burlam o sistema de segurança", afirma o engenheiro.
Para evitar, a empresa equipou a nova Renault Scénic europeia com um painel que concentra informações do carro em uma central eletrônica.
"Quem adulterar a memória da central vai perder outras informações do carro. E o custo do reparo não vai justificar a adulteração", prevê Lima.
Essa nova geração de painéis só chegará ao Brasil em 2011.

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