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ESPECIAL USADOS
Usado tem garantia legal de três meses
Cobertura não é restrita a motor e caixa de câmbio, como dizem lojistas
Só não há garantia se for uma compra direta com o proprietário, informa o código de defesa do consumidor
RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As concessionárias e lojas
de usados costumam vender
os carros mais caros porque
oferecem garantia de 90 dias
para motor e câmbio.
O CDC (Código de Defesa
do Consumidor), porém, estabelece três meses de garantia total para qualquer problema mecânico do carro.
Segundo o Procon-SP, é a
chamada garantia legal, válida independentemente do
termo expresso no contrato
de compra do veículo.
"O fato de a revenda estabelecer outra regra não anula
a determinação do CDC, que
é uma lei federal. Caso haja
algum problema no veículo
dentro dos 90 dias, o consumidor tem direito ao reparo",
diz o Procon-SP.
O jargão "garantia de motor e câmbio" é comum nas
lojas de carro usados. Muitos
lojistas nem conhecem o CDC
e outros fingem que não sabem, confirma um vendedor
de uma revenda em Diadema
(Grande SP).
De acordo com o Procon,
se a loja não resolver os problemas em até 30 dias após
ser informada pelo consumidor, ele pode exigir a troca do
veículo, o cancelamento da
compra com devolução do
dinheiro ou um abatimento
no valor pago proporcional
ao defeito.
NA JUSTIÇA
"Se houver recusa no atendimento, o consumidor pode
registrar queixa no órgão de
defesa do consumidor e ainda entrar com uma ação judicial para fazer valer o seu direito. No caso, obter o reparo
do carro", afirma o advogado
José Eduardo Tavolieri, da
comissão de Direito do Consumidor da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil).
A revenda fica sujeita a
multa, que varia de R$ 200 a
R$ 3 milhões, de acordo com
a gravidade da infração.
O CDC e sua garantia não
se aplicam à compra de um
veículo diretamente do proprietário, pois não é considerada uma relação de consumo. A transação entre pessoas físicas, porém, é protegida pelo Código Civil.
"Se o comprador identificar um problema de vício
oculto na hora da compra e
que possa desvalorizar o carro, pode entrar com uma
ação para rescindir o negócio", alerta Tavolieri.
Procuradas pela Folha, a
Assovesp (Associação dos
Revendedores de Veículos
Automotores de SP) e a Associação dos Lojistas e Revendedores de Veículos do RJ)
não falaram sobre a garantia.
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