São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Falta de educação

Campanhas tentam fazer motoristas respeitarem outros condutores, pedestres e leis

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um motorista distraído tenta mudar de faixa e atinge um motociclista que roda entre os carros. Ao tirar o capacete, o motociclista percebe que seu rosto é idêntico ao do motorista. A cena é da nova campanha da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e simula um dos 500 acidentes que acontecem todos os dias com os 5,4 milhões de carros da Grande São Paulo.
Para a CET, não há estereótipos de infratores no trânsito. "Uma mesma pessoa pode ser o responsável pelo acidente e a vítima", explica Rino Ferrari Filho, idealizador da campanha. Além do motorista descuidado, a CET indica como principais causadores de acidentes o pedestre que atravessa fora da faixa, o motociclista infrator e o jovem alcoolizado.
O órgão entende que uma campanha assim torna o motorista mais educado. Mas José Aparecido da Silva, do departamento de Psicologia e Educação da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, diz que o ensino deve ser dado na pré-escola, quando o comportamento ainda é moldado.
"Usar cinto, levar crianças no banco traseiro, não falar ao celular, tudo isso é educação no trânsito", explica. Silva diz também que, se uma pessoa é mal-educada numa fila de banco, por exemplo, vai repetir o comportamento dirigindo.
Uma pesquisa do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná revela que não há "santos". Foram analisados um grupo com 20 pessoas multadas mais de nove vezes e outras 16 com o prontuário limpo. Descobriu-se que os "bonzinhos" cometiam as mesmas infrações, mas em locais não fiscalizados.

Sobriedade
Para minimizar o problema dos alcoolizados ao volante, a Johnnie Walker trouxe ao Brasil o programa Piloto da Vez. A idéia é fazer com que um dos amigos deixe de beber para levar os outros para casa. Quem se inscrever no site www.pilotodavezblacklabel.com.br, além de ter seu refrigerante pago, concorre a uma visita ao centro técnico da equipe de Fórmula 1 McLaren Mercedes.
"Saio quase todas as semanas e sei o risco que corro. Um amigo bateu o carro porque tinha bebido", conta Marcos Marcello, 36, que se inscreveu no programa. Ele acredita que campanhas com mulheres bonitas e frases de efeito não funcionem: "Ninguém quer sermão".


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