São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

Próximo Texto | Índice

ACIDENTES

Dicas ajudam o motorista a lidar com vítimas, polícia e seguradoras

Mesmo sem ferimentos, batidas dão dor de cabeça

ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Primeiro o vacilo, depois a freada, e a adrenalina vai a mil. Pronto, em segundos o estrago está feito. Mesmo que não tenha sofrido ferimentos, a dor de cabeça do motorista está só começando.
Antes de qualquer providência, é primordial checar se houve vítimas. Nesse caso, boletim de ocorrência e presença policial no local são indispensáveis.
"Em acidentes com vítimas, haverá um inquérito. A remoção de veículos só deve ser feita depois da ordem policial, pois é crime alterar o local", avisa Jaques Mendel Rechter, 47, gestor de trânsito do DSV (Departamento de Operação do Sistema Viário).
O auxílio aos machucados também é obrigatório. "Se fugir, responde por omissão de socorro. Aliás, mesmo quem não se envolveu no acidente, mas o presenciou, tem de socorrer ou também responde pelo crime", diz Romualdo Galvão Dias, 38, conselheiro estadual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Se os danos forem só materiais, a ordem é retirar os carros do local para não tumultuar o trânsito nem envolver outras pessoas.

Seguro
Quando há seguro, a situação fica um pouco menos desconfortável. Há seguradoras que dão todo tipo de auxílio na hora da batida. No caso da Porto Seguro, por exemplo, há o "just in time". Trata-se de um serviço de auxílio que leva um celular para o segurado avisar os parentes, conta com profissional especializado em resolver os pepinos e tem até um lanche, para atenuar a espera.
Leôncio de Arruda, vice-presidente do Sincor (sindicato dos corretores de seguros de São Paulo), alerta que o correto é ligar para o corretor primeiro. "Ele orienta e agiliza o pagamento."
Às vezes, em vez de oferecer conforto, o seguro vira outra fonte de problemas, como no caso da professora Luciane Vidulic, 29.
Em um acidente, seu veículo ficou completamente destruído. Ligou para a seguradora na mesma hora, mas já está há mais de 40 dias sem carro. "Já fui cinco vezes [de táxi] levar documentos. Além disso, paguei o seguro em quatro parcelas, e eles querem que eu adiante o último cheque."
A seguradora AGF afirma que ainda falta um documento para ser entregue pela corretora. Assim que receberem o papel, o pagamento sai em 48 horas.
Para Antônio Renato Guimarães Júnior, 41, sócio da Simples Consultoria de Seguros, a seguradora pode pedir a parcela adiantada em caso de perda total ou roubo, o que põe fim ao contrato. "Se for só batida, vale a proporcionalidade. Quando quitado em quatro parcelas, cada uma corresponde a três meses de cobertura."

100% sem amparo
Pior ainda é quando o condutor se considera inocente e não tem nem sequer o seguro para socorrê-lo. Foi o que aconteceu com a arquiteta Mônica Pivato, 34, que, ao deixar o filho na escola, teve o veículo atingido por um ônibus.
"Meu carro foi arrastado. Desmaiei e acordei presa nas ferragens, foram três meses de cama."
O carro valia cerca de R$ 9.000 e foi vendido por R$ 2.000. "Processamos a empresa de ônibus, mas perdemos, pois eles arrumaram testemunhas, e eu não as tinha."
De acordo com a Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização), quando há vítima, é possível receber a indenização do seguro obrigatório, o Dpvat (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres).



Próximo Texto: Bati, e agora?: Ainda não há seguro contra as fraudes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.