São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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Alemão arisco

Criado para brigar com Porsche 911, Audi R8, de 420 cv e R$ 600 mil, vai a 100 km/h em 4,81s

FABIANO SEVERO
ENVIADO ESPECIAL A ITU

Qualquer carro considerado rival de um Porsche merece respeito. Mais ainda se for tido como "o carrasco do 911", o melhor Porsche da história.
E o R8 merece respeito. Não pelo preço (R$ 600 mil) nem pelas linhas inspiradas no protótipo Le Mans, de 2003. Tampouco pelas duas bancadas prateadas do motor traseiro V8 (oito cilindros em "V") de 420 cavalos, exposto como uma jóia rara na vitrine da Boucheron, famosa joalheria parisiense.
Seu carisma é um misto de tudo o que a Audi provou ter feito de bom desde a finada Auto Union. Estão lá a tração integral do cupê Quattro, a carroceria de alumínio do A8, a inquietude mecânica da RS4 e a ousadia do design à la TT Coupé.
Tudo para tentar criar um esportivo dócil e nervoso ao mesmo tempo, dada a fama do 911.
Só ligando o motor para ter a certeza de que conseguiram. Os ponteiros de giro e velocidade logo varrem todo o painel e mostram que, lá no fim, há um número instigante: 350 km/h.
Primeiro, dá medo. Em seguida, desperta a curiosidade de entender tanta prepotência -a própria Audi divulga 301 km/h de velocidade máxima.
No teste Folha-Mauá, não foi possível chegar a 301 km/h. "Só" 225 km/h, após 1.000 m.
O ronco grave do motor só aguça mais o aspirante a piloto, que move a alavanca de câmbio para frente, com um toquinho.

Automatizado
No meio do painel avermelhado do R8, uma luz indica M1 do câmbio R-Tronic. Para desavisados, é a primeira marcha.
E nada. O primeiro dos 20 R8 -todos ou preto ou prata- previstos para chegar até dezembro nem mexe. O instrutor da Audi lembra: "Ele não é automático, é automatizado".
Se você não triscar o pé no acelerador, o R8 ficará imóvel. É para calar parte dos puristas que pregam a hegemonia do câmbio manual de seis marchas. Ele existe, mas não virá.
Nem vai fazer tanta falta. Na primeira troca de marcha, a 2.500 rpm, a caixa mostra que pode ser bem divertida. Os atrevidos logo se arriscam nas "borboletas" atrás do volante de base achatada. A prudência manda usar a boa e velha alavanca. Duas, três, quatro curvas e ele já parece ser da família.
Na reta, em apenas 4,81s, o R8 está a 100 km/h -a perua RS4, em 2001, e o sedã RS6 (2004) precisaram de, respectivamente, 4,71s e 4,88s.
Ainda em segunda marcha, o motor suporta até 8.250 rpm. O ponteiro passa de 120 km/h, e algo especial acontece lá atrás. O pequeno aerofólio emerge e também quer entrar na dança.
Ele vê o carro perder a aderência numa curva fechada. E vê também o amortecedor magnético enrijecer e o ESP (controle de estabilidade) agir com uma maestria ímpar.
Vem outra curva, e a redução de marcha no punta-taco solta, pelos quatro escapes, uma explosão e um bramido grave. Pirotecnias singulares da injeção direta de gasolina "Podium".
Pelo rádio, um leve puxão de orelha: "Por favor, dê uma volta lenta para resfriar os freios". E pensar que já há, na Europa, o R8 V12 turbodiesel de 500 cv...


O carro foi cedido para teste pela montadora
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092


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