São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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LANÇAMENTO
VW aposta na nostalgia de empresários e profissionais liberais para vender Fusca de até R$ 59,75 mil
Beetle desembarca com 1º lote vendido

LUÍS PEREZ
Editor interino de Veículos

O primeiro lote de 80 unidades do Volkswagen New Beetle, que está desembarcando no Brasil neste fim-de-semana, já foi quase todo vendido -58 unidades pela Internet e 8 por meio do "toll free" da fábrica.
Pelo menos dentro da Volks, chamá-lo de novo Fusca é uma heresia -afinal, o carro é totalmente diferente. Mas o apelo sentimental, que pode ser encontrado em detalhes que vão dos avantajados pára-lamas à alça de segurança interna, é sua grande arma.
As primeiras unidades saíram para empresários, advogados e profissionais liberais, com idade entre 35 e 50 anos -provavelmente, o Fusquinha marcou fatos importantes de suas vidas.
A olho nu é possível diferenciar um New Beetle importado independentemente daquele que a fábrica traz agora do México, a começar pela altura -o carro ficou 22 mm mais alto, traz rodas de aro 15 e protetor de cárter reforçado.
Com as mudanças, o carro passou com desenvoltura por pisos irregulares e valetas -o que não ocorreu com o modelo importado, testado pela Folha em julho.
O preço salgado -entre R$ 53,81 mil e R$ 59,75 mil, considerando o dólar a R$ 1,93- serve para justificar o que existe de mais sofisticado em termos de conforto, acabamento e segurança em carros de passeio.

Itens de série
São alguns exemplos: airbag (bolsa que infla em colisões) frontal e lateral para motorista e passageiro, sistema ABS (antitravamento) nos freios, controlador de velocidade, direção hidráulica, ar-condicionado, além de farta oferta de porta-objetos.
A coluna de direção tem regulagem de altura e de profundidade -que não está disponível, por exemplo, no Chevrolet Vectra-, vidros com mecanismo acionado por um toque e dispositivo antiesmagamento. Console e porta-malas têm tomadas de 12 volts.
Também são destaques os comandos internos (abertura do tanque e do porta-malas) e o fato de relógio, indicador de temperatura e hodômetros digitais conviverem com detalhes analógicos (leia-se retrôs), como o velocímetro, o indicador de combustível e o conta-giros. Outro detalhe curioso é o pequeno vaso de flores que decora o painel.
O modelo chega nas seguintes cores: preto, branco, prata, amarelo, vermelho e azul-marinho.
Embora o desempenho não seja dos mais animadores -segundo a fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h é em 11,4 segundos-, o fato de haver versão com câmbio manual faz o motorista sentir o carro mais sob controle.
A versão com câmbio automático, por sua vez, continua com um defeito já detectado nos importados independentemente: relação de marchas muito longa.

Parentesco
De qualquer forma, a estabilidade herdada de seu "primo" Golf é outro ponto forte -o carro não decepciona nem mesmo nas curvas mais críticas.
Longe de ser "popular", a Volks aposta em um nicho que, segundo ela, garantiria vender 50 unidades por mês. Se esses números persistirem, dificilmente o carro poderá ser produzido na fábrica de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba, onde é feito o Golf, que tem a mesma base mecânica.
A VW justifica o preço citando as taxas de importação e os impostos do Brasil. "O carro não paga imposto para entrar nos EUA. No Brasil, a taxa é de 23%. As taxas internas norte-americanas não passam de 7%, enquanto no Brasil giram em torno de 36%", diz nota da montadora, que também menciona custos de frete e seguros como agravantes.
Com o valor cobrado pelo New Beetle mais barato é possível comprar 21 Fusca 74 como o do funcionário público Celso Alves Pereira, 42, que o emprestou para esta reportagem. "Já achei quem pagasse R$ 2.500 pelo meu, mas ele não vale tudo isso."


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