São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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SEXO
Poucos afirmam sentir atração por alguém devido a um automóvel, mas todos têm histórias para contar
Instinto explica sedução, diz psiquiatra

da Reportagem Local

Poucos admitem que poderiam se aproximar de alguém por causa de um carro. Mas todo mundo conhece uma pessoa assim -e tem boas histórias para contar.
O engenheiro Marcelo Zopello, 30, conta que, na casa de um amigo, as pessoas fazem uma espécie de "rodízio" de carros.
"Cada hora elas pegam um. Meu amigo estava num Gol, e uma garota que morava perto da casa dele nem o olhava. Uma vez ele saiu de BMW Série 5, e ela se abriu como uma mala velha", diz Zopello, aos risos.
A vendedora Celia Hazemfrac, 33, faz parte do clube das que afirmam não ligar para "carrões". "Homem que é homem não dá valor a coisas materiais. Dessa vida a gente não leva nada. Não sou rica, mas estou muito satisfeita com o meu Golzinho", sentencia.
Sua amiga, a professora Roberta Cinto de Andrade, 23, acha que "um cara que se vende com um "carrão" é inseguro". Completa: "Comigo esse tipo perde pontos".

Jipão
Dono de um jipe Grand Cherokee há três meses, o advogado Ricardo Calbo, 29, concorda que as mulheres olham mais para quem anda de "carrão".
"Pensam que, se tiverem de sair com alguém, que a pessoa tenha alguma condição."
Namorada de Calbo e também advogada, Fabiola Valdambrini Rocha, 27, tem um Gol e acha que o carro não é fator decisivo para o início de um relacionamento. "É mais um cartão de visitas."
Com ar de quem namora há pouco tempo, diz: "Não tenho ciúme do Cherokee dele. Se ele não tivesse esse carro, as mulheres o olhariam do mesmo jeito".

Instinto animal
O psiquiatra Alexandre Saadeh, do Hospital das Clínicas, diz que alguns estudos fazem analogias com animais. "As fêmeas se ligam a determinados adereços. O macho, nessa hora, procura chegar com um diferencial."
Segundo ele, a conquista nem sempre é um fim, mas pode ser um meio. Algumas mulheres, inconscientemente, estariam preocupadas com a procriação.
"Alguns autores relacionam essa coisa do sucesso com bem-estar, segurança e capacidade de prover algo a ela e à prole."
Num animal, prossegue Saadeh, o chamariz pode ser a pelagem, o som que ele emite e a agressividade. "No ser humano, fica mais complicado, porque não há um padrão comportamental."
A pelagem tem relação direta com o revestimento dos bancos, raciocina Paulo Nakamura, 39, designer da Fiat.
"O toque tem a ver com a sensualidade, como o macho do pavão, quando exibe sua cauda", afirma o designer. (LUÍS PEREZ)


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