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PARECE, MAS NÃO É
JUNK FOOD PARA TODOS
Vegetarianos radicais andam enfiando o pé na jaca com mortadela de glúten, bacon de soja e requeijão de tofu
PEDRO ANDRADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pizza, hambúrguer e mortadela já são apreciados por não
carnívoros. Sem ingredientes
de origem animal, versões desses alimentos circulam em restaurantes, supermercados e lojas especializadas.
O restaurante Vegethus, na
Vila Mariana, zona sul de São
Paulo, organiza mensalmente
uma noite da pizza para veganos -militantes que excluem
todo produto de origem animal
não só da dieta, mas de roupas e
objetos pessoais. (Já os vegetarianos podem ou não consumir
laticínios e ovos.)
Na noite da pizza vegana,
uma das estrelas do cardápio é
a redonda com recheio de "glutadela" (mortadela de glúten).
Invenções para agradar a esse público começam a pipocar
agora no mercado brasileiro. Se
lasanhas vegetais e hambúrgueres de soja já são comuns,
ninguém ainda importou o bacon de soja, um dos hits da empresa americana Ligth Life.
O restaurante também faz,
todo mês, o festival "junk food"
vegano. Nessas noites, são servidos "cachorros-quentes"
(salsicha de soja, claro), "pãozinho sem queijo" (imitação do
pão de queijo sem o laticínio) e
"tofupiry" (requeijão de tofu).
Por falar em comida "trash",
a empresa gaúcha Olvebra
apostou em leite condensado,
doce de leite e mistura para bolo -tudo à base de soja.
A distribuidora Sim Alimentos vem importando novidades
no setor vegano. Entre elas está
a linha de bebidas de arroz com
suco de frutas, para o público
infantil, e bebidas à base de
painço-um cereal utilizado na
alimentação de animais.
O nutricionista George Guimarães, 35, aprova esse movimento todo. Segundo ele, muita gente se afasta do veganismo
por achar essa culinária trabalhosa e restrita. "Os novos produtos facilitam a vida do vegano e a adesão de mais pessoas."
Quem também comemora a
onda "vegan" é Augusto Pinto,
45, chef e dono do restaurante
vegetariano Goa, em Pinheiros.
"Fiquei mais de dois anos vendendo 30 pratos por dia. Hoje,
faço 190 em um dia, no final de
semana", compara. Segundo
ele, o perfil de seu público é de
simpatizantes. Só 20% dos frequentadores, no cálculo do proprietário, seguem rigorosamente a dieta vegetariana.
Já o chef Esmar Cestari, 47,
dono do restaurante vegetariano Fulô, nos Jardins, vê com
restrições esses substitutos que
parecem, mas não são: "O ideal
é desenvolver um prato a partir
da identidade do alimento, e
não simular coisas. É preciso
saber o que fazer com a "carne"
de soja, porque ela não é carne e
nunca vai ser", diz.
Mas Cestari reconhece que,
para o neófito, é importante
buscar uma comida com paladar semelhante ao que ele já conhece e gosta. "Só que soja não
serve para substituir a carne
em termos de paladar."
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