São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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A visão de quem corre

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

A avaliação feita pela ProTeste é bem-vinda, pois dá verniz científico a impressões que temos no asfalto. Mas tenho dúvidas se corredores experientes assinariam embaixo sem fazer alguns comentários, ainda que os modelos apontados como melhores estejam efetivamente entre os mais bem considerados do mercado.
Ao longo de dez anos de corrida, 24 maratonas e ultras e dezenas de provas em menores distâncias, aprendi que um dos critérios para escolher um bom tênis é o espaço que ele oferece à parte da frente dos pés, a liberdade que dá aos dedos. Na batucada incessante no chão, os pés incham, e o que parecia amplo salão vira cela de castigo.
Pois é nesse quesito que o design da Adidas não se destaca: seus modelos costumam ser elegantes e afilados. Confortáveis, mas não para pés largos.
A linha Nimbus, da Asics, há vários anos é considerada a melhor entre as famílias de tênis de amortecimento, para pisada neutra ou supinada. Ganhou diversos prêmios, com destaque para os da prestigiosa revista norte-americana "Runner's World". Mas, na impressão de meus pés, a empresa parece ter deitado nos louros. Fez um excelente Nimbus 7, mas o 8 já apresentou problemas de design e o 9, analisado pela Pro Teste, perdeu exatamente a grande vantagem da linha, pois a parte frontal foi estreitada -cheguei a usar um, mas acabei tendo de passá-lo adiante.
Quanto ao tido como escolha certa pela ProTeste, o Pegasus é, de fato, uma mosca branca na linha Nike, que se caracteriza, como a Adidas, por modelos um tanto apertadinhos. Em conforto e amortecimento, é bom, mas abaixo do Nimbus e do Creation -no que discordo da avaliação da ProTeste. De qualquer forma, é boa opção para quem faz treinos de até uma hora de duração e dá preferência a corridas curtas, de até 10 km. Pela minha experiência, depois desse tempo ou distância o conforto inicial diminui a passos largos.


RODOLFO LUCENA, 51, é ultramaratonista, autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record)


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