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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidaseticas@folhasp.com.br]
Plásticos biodegradáveis são mesmo bons para o ambiente?*
CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem sempre: depende de como são feitos e de qual é o destino dado ao material. Há vários
tipos de plástico biodegradável,
e cada um tem um impacto diferente para o ambiente. Os
melhores são os bioplásticos
compostáveis, recicláveis e
produzidos a partir de fontes
renováveis. Mas têm desvantagens também: alguns são feitos
de amido de milho, batata ou
mandioca e podem reduzir a
oferta de alimento, se forem
produzidos em larga escala.
Há, ainda, os recicláveis feitos de cana-de-açúcar, mas que
não são biodegradáveis. Já o
plástico oxidegradável é feito
de petróleo, não é compostável
e compromete a reciclagem se
posto junto com o plástico comum -por outro lado, ele se
degrada rapidamente.
Para o consumidor, é difícil
distinguir o bioplástico do plástico comum, porque ainda não
há um selo que o identifique
-embora exista uma norma da
ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) que define padrões para o bioplástico.
Sacos ecológicos feitos de
amido são distribuídos para
consumidores desde março,
em lojas como a Sapataria do
Futuro, mas ainda não estão à
venda. Isso deve acontecer a
partir deste mês, em lojas pequenas, segundo a fabricante
de bioplástico, Mama Plast.
"Sacos biodegradáveis são até
três vezes mais caros que os comuns. Isso é um entrave para
grandes redes que dão os sacos", diz João Godoy, diretor
comercial da empresa.
A biodegradabilidade, por si
só, não é boa nem ruim, na visão da engenheira química Silvia Rolim, assessora técnica do
instituto Plastivida: "Se os sacos forem para usinas de compostagem, funciona. Mas como
elas são poucas no Brasil, o ganho ambiental é nulo", diz.
Mais importante é a educação ambiental para o consumo
e o descarte do produto, diz Casemiro Tércio Carvalho, 30,
coordenador de planejamento
da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. "As
pessoas acham que tudo o que é
biodegradável é bom. É um engodo. A matéria orgânica,
quando decomposta, libera
metano, que absorve 21 vezes
mais a radiação solar que o CO2.
Em um aterro mal preparado,
uma maçã prejudica mais o
ambiente que um material
inerte, como o plástico", diz.
Quando o aterro é bem equipado, explica Carvalho, o metano
é queimado, gera energia e libera CO2, menos poluente.
Mama Plast
tel. (11) 4441-2020, Caieras, SP
*pedido do leitor
Pergunta adaptada de Thais
Mauad , de São Paulo, SP
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