São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidaseticas@folhasp.com.br]

Plásticos biodegradáveis são mesmo bons para o ambiente?*

CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem sempre: depende de como são feitos e de qual é o destino dado ao material. Há vários tipos de plástico biodegradável, e cada um tem um impacto diferente para o ambiente. Os melhores são os bioplásticos compostáveis, recicláveis e produzidos a partir de fontes renováveis. Mas têm desvantagens também: alguns são feitos de amido de milho, batata ou mandioca e podem reduzir a oferta de alimento, se forem produzidos em larga escala.
Há, ainda, os recicláveis feitos de cana-de-açúcar, mas que não são biodegradáveis. Já o plástico oxidegradável é feito de petróleo, não é compostável e compromete a reciclagem se posto junto com o plástico comum -por outro lado, ele se degrada rapidamente.
Para o consumidor, é difícil distinguir o bioplástico do plástico comum, porque ainda não há um selo que o identifique -embora exista uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que define padrões para o bioplástico.
Sacos ecológicos feitos de amido são distribuídos para consumidores desde março, em lojas como a Sapataria do Futuro, mas ainda não estão à venda. Isso deve acontecer a partir deste mês, em lojas pequenas, segundo a fabricante de bioplástico, Mama Plast.
"Sacos biodegradáveis são até três vezes mais caros que os comuns. Isso é um entrave para grandes redes que dão os sacos", diz João Godoy, diretor comercial da empresa.
A biodegradabilidade, por si só, não é boa nem ruim, na visão da engenheira química Silvia Rolim, assessora técnica do instituto Plastivida: "Se os sacos forem para usinas de compostagem, funciona. Mas como elas são poucas no Brasil, o ganho ambiental é nulo", diz.
Mais importante é a educação ambiental para o consumo e o descarte do produto, diz Casemiro Tércio Carvalho, 30, coordenador de planejamento da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. "As pessoas acham que tudo o que é biodegradável é bom. É um engodo. A matéria orgânica, quando decomposta, libera metano, que absorve 21 vezes mais a radiação solar que o CO2.
Em um aterro mal preparado, uma maçã prejudica mais o ambiente que um material inerte, como o plástico", diz.
Quando o aterro é bem equipado, explica Carvalho, o metano é queimado, gera energia e libera CO2, menos poluente.


Mama Plast
tel. (11) 4441-2020, Caieras, SP


*pedido do leitor
Pergunta adaptada de Thais Mauad , de São Paulo, SP


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