São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

Próximo Texto | Índice

Das passarelas para o Brás

O maior pólo atacadista da cidade é um termômetro do que vai "pegar", entre as novidades mostradas na São Paulo Fashion Week. Veja o que promete ganhar as massas no verão, além de babados e pantalonas, e confi ra o roteiro de lojas do Brás afi nadas com as tendências

Alexandre Schneider/Folha Imagem
Vendedora arruma estoques em loja de roupas no bairro

DANAE STEPHAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Marie Rucki, diretora do renomado Studio Berçot, em Paris, afirmou em sua última visita ao Brasil: "Não se pode mais falar em tendências, pois os períodos estão muito curtos e a moda está em movimento constante". Só que todo mundo continua falando.
Eventos como o São Paulo Fashion Week, que encerrou sua mais recente edição no dia 23 de junho, ainda norteiam a produção de roupas. Prova disso são as confecções do Brás, um dos principais pólos atacadistas de moda do país, que já estão com um pé no verão e afinadas com as -desculpem a expressão- "tendências" apresentadas na semana de moda.
A Folha consultou oito especialistas, que fizeram suas apostas e resumiram as chaves da próxima temporada. A partir disso, deu para conferir o que deve realmente ir para as ruas nos próximos meses.

Tendência e democracia
Consumidores, em geral, preferem uma tendência segura e fácil de seguir à propalada "democracia da moda" que vigora hoje. "As pessoas querem facilidade, querem foco e não têm tempo a perder", diz Alexandra Farah, editora de moda do site Filme Fashion.
Muito antes de serem desfiladas aqui, as principais inclinações da moda já estão no ar, nos blogs, nas ruas ou nas cabeças de algumas pessoas. Cores, modelagens, cortes, comprimentos, volumes e padronagens que estão chegando daqui a pouco às vitrines já vêm sendo delineados e divulgados há pelo menos cinco anos por escritórios de tendências.
É o caso das calças sarouel, aquelas com gancho bem baixo, que pintaram em vários desfiles de 2004 e 2005, mas só agora chegaram às prateleiras do Brás. Alguns lojistas entraram nessa primeira onda e se arrependeram. "Fizemos em 2005 e não vendemos nada. Neste inverno, testamos de novo: fizemos um pouquinho e vendemos tudo. Para o verão, devo fazer um modelo mais curto, mas também em pouca quantidade", diz Ali Hassan, estilista das lojas Recruta e Land Religion. "Mas não acredito que vire febre aqui no Brasil. É uma calça para mulheres magras e com pouco quadril, o que não é o caso da brasileira". Segundo a percepção de Hassan, suas clientes, na maioria jovens adeptas dos jeans justinhos, precisaram de algum tempo para absorver a "calça-fralda" e sua sensualidade confortável.
A calça de cintura alta foi outra que demorou a vingar, devido ao apego das brasileiras à barriguinha de fora. Hoje, convivem todas harmoniosamente, junto com skinnies e pantalonas, novamente desfiladas nas passarelas. Daí a confusão entre democracia e tendência, diz Alexandra Farah: "Hoje é tudo muito segmentado, o que permite que cada um faça sua própria moda. Essa é a diferença. Mas a maioria das pessoas, incluindo alguns estilistas, ainda precisa de guias".
Algumas dessas direções propostas para o verão, como pantalonas, silhuetas amplas e babados, já estão com tudo no comércio popular do bairro do Brás. Outras, como a dos macacões, começam a ser materializadas agora e devem chegar às lojas dentro de duas semanas.
Já os biquínis de cós baixo para elas e as sungas cavadonas para eles, mostrados em passarela, ainda não deram o ar da graça nas vitrines. Difícil saber se pegam ou morrem na praia.


Próximo Texto: O Brás é 'ten-dên-cia'
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.