São Paulo, sábado, 07 de março de 2009

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BAGAGEM [compras mundo afora]

PULGAS EM MADRI

O mercado de rua El Rastro atrai consumidor com roupas e antiguidades

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se viajar é um desafio ao bolso, voltar para casa de sacolas cheias pode ser mais fácil. Ao menos para quem estiver disposto a garimpar. Em Madri, uma boa opção de pechincha continua sendo o mercado de pulgas El Rastro.
A tarefa não é fácil. Cerca de 1.200 comerciantes montam suas barracas nas ruas do bairro La Latina, em uma zona onde funcionavam matadouros, todos os domingos e feriados. Os artigos à venda vão de roupas de marca de segunda mão a objetos de antiguidade. Somam-se a isso as pouco mais de 100 mil pessoas que, alheias às liquidações de inverno das lojas espanholas, circulam pelo mercado a céu aberto a cada edição, segundo a prefeitura de Madri.
O roteiro tradicional pelo Rastro começa na saída da estação de metrô La Latina. Na rua Mandonadas, a primeira depois da saída do metrô, há chapéus variados a dez euros e casacos de couro a 25 euros. No fim da rua que desemboca na praça de Cascorro, uma barraca oferece conjuntos charmosos de gorros com cachecol ou luvas, de linha, a cinco euros. Foi a melhor relação custo/benefício desse tipo de produto na feira.
O que se cobra por luvas e cachecóis por ali, contudo, não é muito diferente das lojas ao redor da Puerta del Sol, o centrão turístico de Madri. E a qualidade é pior. Mas os preços vão baixando conforme se desce a rua Ribera de Curtidores, a principal do Rastro e transversal à Mandonadas. Por lá, casacões de lã e algodão saem por dez euros, meias estampadas por quatro euros e pashminas por dois euros. Estas últimas, expostas em uma das barracas mais disputadas, custavam cinco euros no verão europeu passado, "até chegar a crise", conta o vendedor Sarget Gasseh, 32.

Casacos de frio baratos
Quem procura casacões vai se surpreender com o preço. No Rastro eles custam menos da metade do preço praticado nas "rebajas", as liquidações espanholas. Mas a qualidade das peças é inferior à das vendidas em algumas lojas de Madri -a maioria tem menos de 50% de lã na composição, contra uma média de 60% que as etiquetas de marca estampam. Na Zara, por exemplo, uma peça de lã com poliéster não sai por menos de 59 euros. E as pechinchas não param por aí. Uma barraca de roupas de segunda mão vende a um euro casacos e blusas de marcas como Zara, Sfera e Mango, dispostas em uma pilha remexida pela multidão. É no final da rua Ribera de Curtidores que o mercado mostra seu lado mais tradicional. No entorno da via e nas ruelas transversais, colecionadores e vendedores de antiguidades estão mais dispostos para pechinchas. Na rua Carlos Arniches, por exemplo, há achados como maletas de couro entre 20 e 35 euros e um sino de bronze com ilustrações do clássico literário espanhol "Dom Quixote" por 12 euros. Por ali, também é possível recarregar as energias gastando pouco. O disputado restaurante El Capricho Extremeño tem no cardápio sanduíches de salmão defumado, presunto ibérico e camarão que custam de dois euros a 3,50 euros. Mas as compras na rua também reservam alguns obstáculos. É preciso ficar atento porque os batedores de carteira costumam circular pelo El Rastro.



ONDE ENCONTRAR
El Rastro
Estações de metrô La Latina e Puerta de Toledo, Tirso de Molina e Embajadores. Domingos e feriados: 9h às 15h


www.elrastro.org




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