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BAGAGEM [compras mundo afora]
PULGAS EM MADRI
O mercado de rua El Rastro atrai consumidor com roupas e antiguidades
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se viajar é um desafio ao
bolso, voltar para casa de sacolas cheias pode ser mais fácil.
Ao menos para quem estiver
disposto a garimpar. Em Madri, uma boa opção de pechincha continua sendo o mercado
de pulgas El Rastro.
A tarefa não é fácil. Cerca de
1.200 comerciantes montam
suas barracas nas ruas do bairro La Latina, em uma zona onde funcionavam matadouros,
todos os domingos e feriados.
Os artigos à venda vão de roupas de marca de segunda mão
a objetos de antiguidade. Somam-se a isso as pouco mais
de 100 mil pessoas que,
alheias às liquidações de inverno das lojas espanholas,
circulam pelo mercado a céu
aberto a cada edição, segundo
a prefeitura de Madri.
O roteiro tradicional pelo
Rastro começa na saída da estação de metrô La Latina. Na
rua Mandonadas, a primeira
depois da saída do metrô, há
chapéus variados a dez euros e
casacos de couro a 25 euros.
No fim da rua que desemboca na praça de Cascorro, uma
barraca oferece conjuntos
charmosos de gorros com cachecol ou luvas, de linha, a cinco euros. Foi a melhor relação
custo/benefício desse tipo de
produto na feira.
O que se cobra por luvas e
cachecóis por ali, contudo,
não é muito diferente das lojas
ao redor da Puerta del Sol, o
centrão turístico de Madri. E a
qualidade é pior.
Mas os preços vão baixando
conforme se desce a rua Ribera de Curtidores, a principal
do Rastro e transversal à Mandonadas. Por lá, casacões de lã
e algodão saem por dez euros,
meias estampadas por quatro
euros e pashminas por dois
euros. Estas últimas, expostas
em uma das barracas mais disputadas, custavam cinco euros no verão europeu passado,
"até chegar a crise", conta o
vendedor Sarget Gasseh, 32.
Casacos de frio baratos
Quem procura casacões vai
se surpreender com o preço.
No Rastro eles custam menos
da metade do preço praticado
nas "rebajas", as liquidações
espanholas. Mas a qualidade
das peças é inferior à das vendidas em algumas lojas de Madri -a maioria tem menos de
50% de lã na composição, contra uma média de 60% que as
etiquetas de marca estampam. Na Zara, por exemplo,
uma peça de lã com poliéster
não sai por menos de 59 euros.
E as pechinchas não param
por aí. Uma barraca de roupas
de segunda mão vende a um
euro casacos e blusas de marcas como Zara, Sfera e Mango,
dispostas em uma pilha remexida pela multidão.
É no final da rua Ribera de
Curtidores que o mercado
mostra seu lado mais tradicional. No entorno da via e nas
ruelas transversais, colecionadores e vendedores de antiguidades estão mais dispostos
para pechinchas.
Na rua Carlos Arniches, por
exemplo, há achados como
maletas de couro entre 20 e 35
euros e um sino de bronze
com ilustrações do clássico literário espanhol "Dom Quixote" por 12 euros.
Por ali, também é possível
recarregar as energias gastando pouco. O disputado
restaurante El Capricho Extremeño tem no cardápio
sanduíches de salmão defumado, presunto ibérico e camarão que custam de dois
euros a 3,50 euros.
Mas as compras na rua
também reservam alguns
obstáculos. É preciso ficar
atento porque os batedores de
carteira costumam circular
pelo El Rastro.
ONDE ENCONTRAR
El Rastro
Estações de metrô La Latina e Puerta de
Toledo, Tirso de Molina e Embajadores.
Domingos e feriados: 9h às 15h
www.elrastro.org
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