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GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]
Energéticos em crise de imagem
Fabricantes investem em marketing "saudável"e atletas para dissociar a bebida da balada; fórmulas, porém, são as mesmas
MALU TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em busca de uma nova imagem para as bebidas energéticas, sempre associadas a álcool
e vida noturna, os fabricantes
agora estão investindo em um
marketing "saudável".
A cervejaria Petrópolis, que
produz a cerveja Itaipava, lançou em agosto o energético
TNT e, desde novembro, patrocina 18 atletas, entre eles o nadador Cesar Cielo. "O consumo
de energético no Brasil é muito
focado na noite. Nos Estados
Unidos, essa bebida é tratada
como um refrigerante de adulto, ligada ao esporte e de uso
diurno", diz Douglas Costa, diretor de marketing.
Segundo Costa, a marca acredita que, ao usar atletas como
referência, estimula o uso mais
responsável da bebida. "Hoje,
nossas campanhas estão direcionadas aos esportes radicais,
é o conceito de "saudabilidade".
Não que o energético melhore o
desempenho. Mas serve como
repositor de energia", diz.
A Coca-Cola, que já tinha
desde 2001 o energético Burn,
lançou há cinco meses a bebida
Gladiator. São dois sabores:
frutas selvagens (com coloração azul) e frutas cítricas (alaranjado). A fórmula dos dois
produtos é bem parecida, mas
enquanto o Burn é destinado a
"jovens entre 25 e 39 anos, que
gostam de agitar e curtir a noite", o novo produto é vendido
como adequado "para manter o
pique durante o dia inteiro, trabalhar e estudar".
No anúncio, os personagens
que tomam Gladiator são gente
comum que vence desafios como "ônibus lotado", "salário
merreca" e "dívida impagável".
A brasileira Mega Energy,
que lançou um energético em
agosto do ano passado, também
patrocina eventos esportivos.
Segundo a empresa, seu produto é "funcional" e não está vinculado ao consumo de álcool.
A Mona Vie, que vende de
porta em porta, lançou em setembro um energético com
aroma de guaraná e açaí e sucos
de 14 frutas. Segundo Maurício
Patrocínio, diretor da empresa
no Brasil, seus vendedores alertam que o produto deve ser bebido puro e não deve ser consumido em excesso.
Os novos produtos têm praticamente a mesma fórmula dos
antigos, variando pouco a
quantidade dos componentes
básicos, como a cafeína e a taurina, um aminoácido que atua
como neurotransmissor.
"Quando combinada com álcool, essa substância eleva exageradamente o nível de excitação da pessoa", diz Viviane
Vieira, nutricionista da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Os energéticos são amplamente consumidos em bares e
casas noturnas, embora nas latinhas venha o alerta de que
"não é recomendado com bebidas alcoólicas", uma exigência
da Anvisa. Estudos mostram
que eles mascaram os efeitos
do álcool no organismo: a pessoa já está com os reflexos alterados e tem a falsa sensação de
que não está bêbada.
A nutricionista Márcia Madeira, professora de Tecnologia
de Alimentos da Uerj, não vê
problemas no uso dos energéticos, desde que não se torne um
hábito, porque podem provocar alterações no sono.
A Anvisa estabelece que esses produtos devem conter, no
máximo, 400 mg de taurina e
35 mg de cafeína a cada 100 ml.
Com exceção do Gladiator e do
Burn, os energéticos contêm
praticamente a quantidade máxima recomendada para o consumo, devendo ser bebidos
com moderação. O uso excessivo dessas bebidas, segundo a
nutricionista Viviane, pode
produzir sintomas como ansiedade, insônia, agitação e palpitação cardíaca.
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