São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

Próximo Texto | Índice

TERRA, ÁGUA, FOGO E AR

Veja os novos rumos da cerâmica, velha criação humana feita a partir dos elementos da natureza

ANNETTE SCHWARTSMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A cerâmica é velha, mas está cheia de energia nova. Uma prova disso é a profusão de gente produzindo e vendendo, hoje, esse que é o mais antigo material criado pelo homem.
Mais antigo e mais simples, já que é feito dos quatro elementos da natureza: água, terra, fogo e ar. Há quem ainda associe essa história de moldar barro com coisa de hippie, artesanato rudimentar. Mas a técnica -surgida quando o homem deixou as cavernas, virou agricultor e precisou de recipientes para guardar água, comida e sementes- vive um bom momento de mercado.
"Cerâmica virou moda", diz a ceramista Sara Carone. Sua colega, Nelise Ometto, concorda, e diz que anos atrás o material era desvalorizado. "Quem gostava, usava só na casa de praia".
Hoje, boa parte das lojas de presentes e decoração oferece cerâmica artesanal de todo tipo -inclusive de má qualidade.
No Brasil, a modalidade de alta temperatura é uma das mais apreciadas. Essa técnica, que garante peças mais resistentes, chegou aqui pelas mãos de imigrantes japoneses, entre eles a pioneira Shoko Suzuki.
Foi Suzuki quem, em 1964, construiu no país o primeiro forno "noborigama" -versão sofisticada do arcaico forno à lenha. A artista também ajudou a superar o caráter exclusivamente utilitário até então atribuído à cerâmica.
Aperfeiçoada a técnica, veio a depuração do estilo."As pessoas já fizeram coisas empetecadas", lembra Kimi Nii, uma das ceramistas mais conceituadas, que hoje percebe despojamento no que é criado por aqui. "O design, agora, é uma linguagem mais compreendida", diz.
Na opinião de Oey Eng Goan, ceramista e professor da técnica, o que mudou foi o consumidor brasileiro. "Ele ganhou mais senso crítico e sentidos apurados para ver a cerâmica com outro olhar", diz.
Mas nem tudo são flores em vasos de barro. Para Shoichi Yamada, que ensina a técnica na Aliança Cultural Brasil-Japão, o boom do design e da decoração veio seguido de queda na produção de cerâmica artística. "Não há mais exposições coletivas como nos anos 80."
A artista Sara Carone concorda, e lamenta que a cerâmica fique fechada em um universo paralelo ao das artes plásticas. "Nem existe crítico especializado aqui", afirma.
Norma Grinberg, outra ceramista cujo trabalho é reconhecido internacionalmente, comenta: "Ainda acham que é só artesanato, aquela coisa de fazer vaso. Não há cultura que entenda cerâmica como arte", diz.
Sem entrar no mérito do status "artístico", "decorativo" ou "utilitário" , o fato é que o objeto de cerâmica alargou seu espaço no cobiçado mercado de decoração. A seguir, um roteiro com alguns dos melhores ateliês paulistanos.


Veja onde fazer cursos de cerâmica em São Paulo
www.folha.com.br/091264



Próximo Texto: Sacolinha
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.