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CRISE
LIQUIDAÇÃO PRECOCE
É inédito: lojas de luxo baixam preços antes mesmo do Natal
LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE
Junto do Papai Noel, das luzinhas e do boas-festas de
sempre, as vitrines, neste ano,
trazem também as palavras
"promoção", "descontos" ou,
nas mais metidas, "sale" (liquidação, em inglês). Não que
descontos não sejam bem-vindos, mas causa espanto essa "queima" na véspera de Natal- época em que o comércio
vende mais e cobra mais.
As tradicionais liquidações
de janeiro chegaram antes a
várias lojas. Em São Paulo, a
grife do estilista Alexandre
Herchcovitch oferece, desde o
começo do mês, 30% de desconto na atual coleção. A estilista Isabela Capeto também
começou a dar, nesta semana,
a mesma porcentagem de descontos em peças de tricô e de
malharia. O mesmo fez a multimarcas Pelu, que agora tem
peças até 40% mais baratas.
Butiques de jeans de luxo,
aquelas que cobram cerca de
R$ 1.000 por um par, também
estão liquidando. A Jeans
Hall, no shopping Iguatemi,
oferece descontos progressivos de até 25% em algumas
marcas. A concorrente The
Jeans Boutique, na Oscar
Freire, tem peças importadas
por até 50% menos. Calças de
marcas como True Religion e
Serfontaine, que custavam
R$ 1.299, valem agora R$ 499.
Para Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, essas promoções não foram programadas. "Se tem loja dando descontos, é porque ela estava esperando vender em outubro,
novembro e não conseguiu,
pois mudou o ritmo da economia. Se o lojista vê que não vai
dar, liquida agora para tentar
se desfazer do que tem, já que
o consumidor está com o 13º
salário", diz. Os descontos, diz
ele, são uma alternativa à venda a prazo, já que o futuro da
economia é imprevisível. "Em
vez de vender a crédito, o comércio dá desconto. É bom
para o consumidor".
Nabil Sahyun, presidente
da Associação Brasileira de
Lojistas de Shopping, também estranha essas liquidações fora de hora. "Liquidação
é para queimar estoque. Às
vezes uma empresa ou outra
pode usar como estratégia de
marketing para vender peças
encalhadas. Mas tenho dúvidas se alguém vai queimar toda a coleção. Isso não é normal", diz.
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