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GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]
A EVOLUÇÃO DO SABÃO DE COCO
Novas marcas de produtos de limpeza usam embalagens verdes e apelo ecológico para apresentar seus sabões
DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor tem se deparado com novos produtos de
limpeza "verdes". Sabões, desengordurantes e limpadores
das marcas Amazon H2O (fabricada pela Rosatex) e BioWash
(Cassiopéia) chegam às gôndolas com preços acima da média
dos similares e apelos ecológicos nos rótulos -entre eles o
da biodegradabilidade.
Mas a grande diferença entre
essa geração de "verdes" e os
itens de limpeza convencionais
é a origem. Os detergentes sintéticos são derivados de petróleo: levam na fórmula o alquilbenzeno sulfonato linear, ou
LAS (veja o glossário). Já os novos produtos usam como principal ativo um derivado do óleo
de coco de babaçu. "É uma vantagem, porque a extração não
requer a escavação do solo. O
LAS tem enxofre na composição, que pode causar proliferação de algas na água ou prejudicar a vida marinha", diz Paulo
Augusto Rodrigues Pires, doutor em química pela USP.
A propriedade de se decompor na natureza por ação de
microorganismos não é exclusiva desses produtos de origem
vegetal, como pode parecer ao
consumidor. A indústria usa
hoje componentes com 80% de
biodegradabilidade, como exige a Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária). É o caso do tensoativo aniônico. "As
fórmulas estão mais próximas
dos sabões, que são biodegradáveis", diz a bióloga Rita de
Cássia Alli, responsável por
testes de biodegradabilidade
no IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas).
A divulgação dessa propriedade, portanto, é puro marketing verde. A responsável química da Amazon H2O, Verônica
Catão Farias Rocha, 42, diz que
o óleo de coco de babaçu é usado há mais de 30 anos pela empresa, em produtos de limpeza
de outra linha, mas nunca houve informações na embalagem
sobre biodegradabilidade:
"Agora, o pessoal tem esse conceito ecológico. Estamos divulgando mais".
Ainda que a comunicação visual dos produtos, todos testados quanto à biodegradabilidade, esteja correta, a marca cometeu um erro na embalagem
do lava-roupas: uma tabela
compara o sabão Amazon H2O,
que leva "aproximadamente 20
dias" para se decompor no ambiente, com um "detergente
em pó comum", que segundo a
tabela leva "mais de 20 anos".
Não é verdade.
Questionada a respeito pela
reportagem, a empresa respondeu que a informação sobre a
biodegradabilidade dos detergentes comuns não tem comprovação científica e foi incluída na embalagem por "falha do
departamento de marketing".
Em nota, diz que "já acionou
uma equipe para retirar essa
informação dos rótulos".
A BioWash se limita a informar que o tensoativo dos seus
produtos é biodegradável, que
a Aloe vera usada é certificada e
que a linha tem selo do IBD
(Associação de Certificação
Instituto Biodinâmico) e do
Instituto Internacional Social
Ambiental Chico Mendes.
Lava mais branco?
Como todo sabão em pó, os
verdes também prometem rendimento, brancura e proteção
para tecidos e mãos. A quantidade de espuma formada é visivelmente menor do que nos detergentes sintéticos. A responsável química da Amazon H2O
diz que isso não interfere na
ação do produto. "Dona-de-casa quer espuma, mas não é isso
que limpa. Nosso sabão precisa
de menos enxágüe", diz Verônica. O teste do rendimento,
até agora, é empírico. "Testamos com uniformes do pessoal
de manutenção da empresa, ficaram limpinhos", diz.
glossário
Biodegradabilidade
É a medida de degradação
de uma
substância por microorganismos
em um
tempo determinado.
A Anvisa exige 80% de
biodegradabilidade
dos tensoativos aniônicos.
LAS (alquilbenzeno sulfonato linear)
Derivado de petróleo
usado como componente
ativo dos detergentes
sintéticos. Sua
molécula linear, com
poucas ramifi cações,
é decomposta por
microorganismos. Por
isso, é biodegradável.
Sabão e detergente
Os dois funcionam
como tensoativos,
ajudando a sujeira a
se dissolver e ser eliminada
com a água.
A diferença é que o
sabão é feito a partir
de óleos e gorduras vegetais
ou animais, e os
detergentes são sintetizados
a partir do petróleo.
Os detergentes
têm maior poder de
limpeza, e são os componentes
principais
dos chamados 'sabões
em pó' para roupas
e dos lava-louças da
grande indústria.
Uma desvantagem é
que, assim como são
eficazes contra as gorduras
da sujeira, esses
produtos retiram a
gordura das mãos. Por
isso agridem mais a
pele do que os sabões.
Tensoativo aniônico
Toda substância tensoativa,
como indica o
nome, reduz a tensão
superfi cial da água,
permitindo a dissolução
da sujeira no
líquido. Os aniônicos
são os mais usados
pela indústria, como
componente ativo de
detergentes. Em contato
com a água, eles
formam íons orgânicos
de carga negativa.
AMAZON H2O
SAC (11) 2102-0177, Guarulhos
1. Sabão em pó
R$ 2, 29, 500 g
2. Sabão em pó
R$ 4,58, 1 kg
3. Sabão de coco em pó
R$ 4,99, 500 g
4. Sabão de coco em pedra
R$ 3,95, 500 g
5. Lava-louças gordura zero
R$ 2,28, 500 ml
6. Amaciante
R$ 3,70, 1,5 l
BIO WASH
SAC 0800-774-1174
7. Limpa-vidros
R$ 6,67, 620 ml
8. Limpador Multiúso
R$ 6,08, 620 ml
9. Sabão em pó
R$ 11,24, 1 kg
10. Limpa-banheiros
R$ 5,88, 620 ml
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