São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]

A EVOLUÇÃO DO SABÃO DE COCO

Novas marcas de produtos de limpeza usam embalagens verdes e apelo ecológico para apresentar seus sabões

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor tem se deparado com novos produtos de limpeza "verdes". Sabões, desengordurantes e limpadores das marcas Amazon H2O (fabricada pela Rosatex) e BioWash (Cassiopéia) chegam às gôndolas com preços acima da média dos similares e apelos ecológicos nos rótulos -entre eles o da biodegradabilidade.
Mas a grande diferença entre essa geração de "verdes" e os itens de limpeza convencionais é a origem. Os detergentes sintéticos são derivados de petróleo: levam na fórmula o alquilbenzeno sulfonato linear, ou LAS (veja o glossário). Já os novos produtos usam como principal ativo um derivado do óleo de coco de babaçu. "É uma vantagem, porque a extração não requer a escavação do solo. O LAS tem enxofre na composição, que pode causar proliferação de algas na água ou prejudicar a vida marinha", diz Paulo Augusto Rodrigues Pires, doutor em química pela USP.
A propriedade de se decompor na natureza por ação de microorganismos não é exclusiva desses produtos de origem vegetal, como pode parecer ao consumidor. A indústria usa hoje componentes com 80% de biodegradabilidade, como exige a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É o caso do tensoativo aniônico. "As fórmulas estão mais próximas dos sabões, que são biodegradáveis", diz a bióloga Rita de Cássia Alli, responsável por testes de biodegradabilidade no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
A divulgação dessa propriedade, portanto, é puro marketing verde. A responsável química da Amazon H2O, Verônica Catão Farias Rocha, 42, diz que o óleo de coco de babaçu é usado há mais de 30 anos pela empresa, em produtos de limpeza de outra linha, mas nunca houve informações na embalagem sobre biodegradabilidade: "Agora, o pessoal tem esse conceito ecológico. Estamos divulgando mais".
Ainda que a comunicação visual dos produtos, todos testados quanto à biodegradabilidade, esteja correta, a marca cometeu um erro na embalagem do lava-roupas: uma tabela compara o sabão Amazon H2O, que leva "aproximadamente 20 dias" para se decompor no ambiente, com um "detergente em pó comum", que segundo a tabela leva "mais de 20 anos". Não é verdade.
Questionada a respeito pela reportagem, a empresa respondeu que a informação sobre a biodegradabilidade dos detergentes comuns não tem comprovação científica e foi incluída na embalagem por "falha do departamento de marketing". Em nota, diz que "já acionou uma equipe para retirar essa informação dos rótulos".
A BioWash se limita a informar que o tensoativo dos seus produtos é biodegradável, que a Aloe vera usada é certificada e que a linha tem selo do IBD (Associação de Certificação Instituto Biodinâmico) e do Instituto Internacional Social Ambiental Chico Mendes.

Lava mais branco?
Como todo sabão em pó, os verdes também prometem rendimento, brancura e proteção para tecidos e mãos. A quantidade de espuma formada é visivelmente menor do que nos detergentes sintéticos. A responsável química da Amazon H2O diz que isso não interfere na ação do produto. "Dona-de-casa quer espuma, mas não é isso que limpa. Nosso sabão precisa de menos enxágüe", diz Verônica. O teste do rendimento, até agora, é empírico. "Testamos com uniformes do pessoal de manutenção da empresa, ficaram limpinhos", diz.

glossário

Biodegradabilidade
É a medida de degradação de uma substância por microorganismos em um tempo determinado.
A Anvisa exige 80% de biodegradabilidade dos tensoativos aniônicos.

LAS (alquilbenzeno sulfonato linear)
Derivado de petróleo usado como componente ativo dos detergentes sintéticos. Sua molécula linear, com poucas ramifi cações, é decomposta por microorganismos. Por isso, é biodegradável.

Sabão e detergente
Os dois funcionam como tensoativos, ajudando a sujeira a se dissolver e ser eliminada com a água.
A diferença é que o sabão é feito a partir de óleos e gorduras vegetais ou animais, e os detergentes são sintetizados a partir do petróleo. Os detergentes têm maior poder de limpeza, e são os componentes principais dos chamados 'sabões em pó' para roupas e dos lava-louças da grande indústria.
Uma desvantagem é que, assim como são eficazes contra as gorduras da sujeira, esses produtos retiram a gordura das mãos. Por isso agridem mais a pele do que os sabões.

Tensoativo aniônico
Toda substância tensoativa, como indica o nome, reduz a tensão superfi cial da água, permitindo a dissolução da sujeira no líquido. Os aniônicos são os mais usados pela indústria, como componente ativo de detergentes. Em contato com a água, eles formam íons orgânicos de carga negativa.


AMAZON H2O
SAC (11) 2102-0177, Guarulhos

1. Sabão em pó
R$ 2, 29, 500 g

2. Sabão em pó
R$ 4,58, 1 kg

3. Sabão de coco em pó
R$ 4,99, 500 g

4. Sabão de coco em pedra
R$ 3,95, 500 g

5. Lava-louças gordura zero
R$ 2,28, 500 ml

6. Amaciante
R$ 3,70, 1,5 l

BIO WASH
SAC 0800-774-1174

7. Limpa-vidros
R$ 6,67, 620 ml

8. Limpador Multiúso R$ 6,08, 620 ml

9. Sabão em pó
R$ 11,24, 1 kg

10. Limpa-banheiros
R$ 5,88, 620 ml



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