Nova rede reúne a variedade dos grandes com o atendimento dos pequenos

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até um tempo atrás, o supermercado "do bairro" era aquele estabelecimento meia-boca para o qual se apelava em caso de preguiça ou necessidade básica, e que provia, quando muito, o estritamente necessário. A não ser que você morasse nos Jardins, em Higienópolis ou próximo de algum corredor poderoso, tipo Cidade Jardim, uma diferença de décadas separava a oferta das redes e a oferta local.
Para comprar uma geléia sem açúcar, um frango sem hormônio, um pãozinho melhor não havia jeito de não pegar o carro e atravessar a ponte em direção à "cidade".
O St. Marche é a prova de que, para o bem e para o mal, as coisas estão mudando. Escondido numa rua residencial da Vila Leopoldina, oferece uma seleção "gourmet" de alimentos e bebidas, uma gôndola decente de produtos de limpeza e cosméticos e um mix fenomenal de firulas, que vão de picolés Rochinha a produtos L'Occitane, de utensílios de cozinha de silicone ao último especial da "Martha Stewart Living". Para quem descobre às 21h que tem de sair de casa porque acabou a comida do gato, a loja é uma perspectiva animadora; para quem teve um dia ruim e costuma se compensar com pequenos luxos, é um perigo.
Com cinco endereços em São Paulo, a nova rede quer juntar o melhor de dois mundos. A oferta, esclarecida, inclui produtos orgânicos, pães artesanais, bons vinhos e chocolates, fartura de temperos, azeites, chás, frios e queijos, gôndolas reforçadas de coisas para bebês, comidas semiprontas de ótimas marcas etc. O atendimento é de bairro, com entrega em casa e compromisso de oferecer preços baixos (vale cobrar).
No caso da loja da Vila Leopoldina, esse estranho bairro-cogumelo de prédios de classe média que ocupou, num surto, as franjas da Lapa, o grande acerto é a configuração interna. Abrigada em um galpão de concreto bem iluminado, inova no arranjo "sensorial" de setores, com gôndolas recuadas para o fundo, área central de frutas e verduras e um simpático bloco "lazer", com revistaria, rotisseria, café e pizzaria. A circulação é desimpedida, há vagas para cachorros na porta e, surpresa, ninguém aparece para oferecer aquela constrangedora explicação sobre o "conceito da loja". Nem precisava.