São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Made in China, no bom sentido

Em Pequim, rua comercial reúne antiguidades dos tempos de império e badulaques pós-Revolução Cultural; barganha faz parte da tradição local

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

Liu Li Chang é o endereço perfeito para quem quer escapar do ritmo vertiginoso da transformação de Pequim rumo à modernidade e encontrar a milenar cultura chinesa em lojas de caligrafia, pintura tradicional, casas de chá e antiquários. Quem preferir épocas mais recentes vai achar estátuas, cartazes e botons que refletem o culto à personalidade de Mao Tsé-tung, marca da Revolução Cultural (1966-1976).
Com 700 anos de história, Liu Li Chang foi um ponto de encontro de intelectuais e artistas na dinastia Qing (1644-1911), a última dos mais de 2.000 anos de império chinês. Lá, eles liam poesia e praticavam caligrafia, até hoje uma das artes mais importantes do país.
Os 750 metros da rua são divididos por uma grande avenida. Do lado oeste fica a maioria das casas que vendem objetos para caligrafia: folhas de papel enormes, pincéis de diferentes tamanhos e materiais e as pedras trabalhadas, nas quais a tinta é espalhada. Também estão lá os calígrafos, que fazem suas obras na rua ou dentro das lojas, e os pintores tradicionais.
Quase no fim do lado oeste está o ateliê de An Guyu, artista que leva ao extremo o minimalismo oriental na pintura de peixes, pássaros, flores e montanhas, base dessa arte chinesa.
Nas barracas de rua, há pincéis supostamente antigos, enormes e de cabos trabalhados. Outra oferta é a de entalhes em pedra. Você pode ter seu nome em mandarim escrito na face de um retângulo e usá-lo como carimbo, como faziam os chineses do império.
Ainda do lado oeste, no número 52, há uma minúscula loja que vende marionetes usadas no teatro de sombras, outra milenar tradição. Entalhadas em couro e pintadas à mão, as figuras representam personagens da era imperial e são vendidas soltas ou emolduradas.
O lado leste de Liu Li Chang é mais pacato, com o comércio concentrado nos antiquários e lojas de chá. Há de estátuas da dinastia Tang (618-907) a trabalhos budistas tibetanos. Mas a certeza de que se está diante de algo realmente antigo exige um olhar experimentado, que a maioria dos turistas não tem.
Na dúvida, compre o que gostar, desde que o preço seja razoável. Como em todos os mercados do país, a barganha lá é obrigatória -e extenuante. Na maioria dos lugares, o preço pedido é muito mais alto do que o real. Resista à pressão de fazer uma contra-oferta e vá embora se o vendedor não der um bom desconto. Quase sempre ele virá atrás, com um preço menor.


Texto Anterior: Mega e...
...míni

Próximo Texto: Batendo perna (promoções, outlets e lojas de fábrica): Uniforme de moderna
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.