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Made in China, no bom sentido
Em Pequim, rua comercial reúne antiguidades dos tempos de império e badulaques pós-Revolução Cultural; barganha faz parte da tradição local
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
Liu Li Chang é o endereço
perfeito para quem quer escapar do ritmo vertiginoso da
transformação de Pequim rumo à modernidade e encontrar
a milenar cultura chinesa em
lojas de caligrafia, pintura tradicional, casas de chá e antiquários. Quem preferir épocas
mais recentes vai achar estátuas, cartazes e botons que refletem o culto à personalidade
de Mao Tsé-tung, marca da Revolução Cultural (1966-1976).
Com 700 anos de história,
Liu Li Chang foi um ponto de
encontro de intelectuais e artistas na dinastia Qing (1644-1911), a última dos mais de
2.000 anos de império chinês.
Lá, eles liam poesia e praticavam caligrafia, até hoje uma das
artes mais importantes do país.
Os 750 metros da rua são divididos por uma grande avenida. Do lado oeste fica a maioria
das casas que vendem objetos
para caligrafia: folhas de papel
enormes, pincéis de diferentes
tamanhos e materiais e as pedras trabalhadas, nas quais a
tinta é espalhada. Também estão lá os calígrafos, que fazem
suas obras na rua ou dentro das
lojas, e os pintores tradicionais.
Quase no fim do lado oeste
está o ateliê de An Guyu, artista
que leva ao extremo o minimalismo oriental na pintura de
peixes, pássaros, flores e montanhas, base dessa arte chinesa.
Nas barracas de rua, há pincéis supostamente antigos,
enormes e de cabos trabalhados. Outra oferta é a de entalhes em pedra. Você pode ter
seu nome em mandarim escrito na face de um retângulo e
usá-lo como carimbo, como faziam os chineses do império.
Ainda do lado oeste, no número 52, há uma minúscula loja que vende marionetes usadas
no teatro de sombras, outra milenar tradição. Entalhadas em
couro e pintadas à mão, as figuras representam personagens
da era imperial e são vendidas
soltas ou emolduradas.
O lado leste de Liu Li Chang é
mais pacato, com o comércio
concentrado nos antiquários e
lojas de chá. Há de estátuas da
dinastia Tang (618-907) a trabalhos budistas tibetanos. Mas
a certeza de que se está diante
de algo realmente antigo exige
um olhar experimentado, que a
maioria dos turistas não tem.
Na dúvida, compre o que gostar, desde que o preço seja razoável. Como em todos os mercados do país, a barganha lá é
obrigatória -e extenuante. Na
maioria dos lugares, o preço pedido é muito mais alto do que o
real. Resista à pressão de fazer
uma contra-oferta e vá embora
se o vendedor não der um bom
desconto. Quase sempre ele virá atrás, com um preço menor.
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