|
Texto Anterior | Índice
Nina Lemos vai às compras (colunista em campo)
Caça à calcinha
Moça normal que é, a jornalista sofre para encontrar estilos de lingerie além do bege-vovó, do romântico-açucarado ou do descarado-sem-noção
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Alguém sabe por que existe
aquele lacinho pequeno e inútil
na frente das calcinhas? Nunca
soube e desde que adquiri gosto
próprio, passei a arrancar o enfeite das minhas. A boa notícia:
já é possível encontrar lingerie
que não te deixe com jeito de
"debutante ingênua" ou de "perua que vai dar um pulo no motel na hora do almoço."
Saí por São Paulo em busca
de lingerie de moça normal, ou
seja, meio sexy, bacana e confortável. E de sutiãs (importantíssimo) que possam aparecer
por baixo da camiseta. Nesse
caso, o bege fica banido.
Se você tem esse gosto de
"moça-normal-não-bege", tome cuidado com a loja Verve,
sucesso carioca que chegou a
São Paulo ano passado. Tive
vontade de comprar tudo ao
descobrir que não existia nem
sequer uma calcinha na loja
com o tal lacinho! As estampas
são bacanas, como as imitando
pele de bicho e as listradas. Importante: nada lá é vendido em
"conjuntinho". O legal é comprar a calcinha estampada e o
sutiã liso para usar com o que
você tem em casa. As cores são
ótimas. Lá você encontra até
sutiã verde oliva. Barato não é.
Os preços vão de R$ 70 a R$ 90.
Em outras lojas, tive dificuldades para fugir dos laçarotes e
da proposta sexy demais. Na
Thaís Gusmão existe uma profusão de calcinhas, cintas-ligas,
sutiãs e corpetes. Alguns são
bem fetichistas. E outros estranhos, como a cueca de malha
com laço que serve de liga (para
ser amarrado na cinta, sacou?).
Pergunto à vendedora se quem
compra a peça é travesti ou
drag queen. São mulheres mesmo. Vai ver eu sou careta.
Outra coisa da qual tento fugir quando o assunto é lingerie:
as logomarcas. E está aí o maior
defeito que encontro nas calcinhas da Calvin Klein. Não acho
bacana fazer propaganda em
partes tão íntimas do meu corpo. Mas se você procurar na loja
da marca, encontra peças com
o logo bem pequeno, como uma
calcinha rosa meio grande e outra estampada, de malhas ótimas e preço OK (R$ 39).
Mas o melhor mesmo são os
sutiãs.Lembrei que comprei
em uma liquidação um de renda meia-taça com arame (dá
uma levantada no peito discreta), fica lindo sob a camiseta e
sem a camiseta. Não. Verdade
seja dita: comprei três. Um lilás
em uma temporada. E outro lilás igual e um cinza em outra liquidação. E caí, de novo, em
tentação. "Moça, será que ainda
tem aquele sutiã de coleções
passadas?" Tinha. Ela abriu
uma gaveta secreta no canto da
loja (se for lá, peça para abrirem
o baú de descontos). E lá estava
meu sutiã preferido. Não resisti. Agora sou a proprietária de
três sutiãs idênticos e da mesma cor: lilás. Aproveitei e levei
outro, azul, por R$ 19. Mulher é
louca. Por pechincha.
Texto Anterior: Cobaia: Cabeça nas nuvens Índice
|