São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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BAGAGEM/DIREITOS IGUAIS
[compras mundo afora]

Em NY, homens escondem "banha" com corpete


Camisetas e cuecas feitas de um tecido especial que comprime gordurinhas e pneus masculinos fazem sucesso na Saks


OSMAR FREITAS JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O corpete, quem diria, saiu do imaginário fetichista e foi parar nas gavetas masculinas. A loja Saks Fifth Ave., em Nova York, está vendendo corseletes para homens.
Os preços vão de US$ 89 a US$ 119 a unidade, e, mesmo assim, a saída é comparável à das drogas de emagrecimento. Faz sentido a comparação: a peça promete o milagre de acabar com barrigas e pneus. Não se trata, porém, de remédio para cura permanente. Só escamoteia sintomas, escondendo imperfeições.
Isso, só, já seria um consolo para quem, em vez de tanquinho, carrega algo semelhante a uma máquina de lavar roupas no abdome.
Mas os fabricantes da novidade, a confecção australiana Equmen, alardeiam que suas peças ainda melhoram a postura e a circulação. Sei. Tudo isso sem que se verta uma única gota de suor em academias.
O chamado "corpinho" sempre moldou contornos femininos. Desmaios de madames comprimidas em espartilhos eram comuns nos salões aristocratas do passado.
Hoje, sem tanto sufoco, cintas e corpetes seguram as gordurinhas indesejadas das mulheres, das coxas ao busto.
"O que a Equmen fez foi adaptar o material "spanx" (tecido com elasticidade controlada) a uma linha de camisetas e cuecas para o público masculino", diz o diretor de marketing da empresa, Gavin Jones. "Trata-se de indumentária de compressão, desenvolvida para melhorar as performances de atletas. Agora o público pode tirar os mesmos proveitos", vende ele.
De fato, uma malha-espartilho reduz imediatamente três polegadas de uma cintura rechonchuda. Lembra uma cinta para pós-cirurgia, só que com muito mais conforto.
Mas que ninguém se engane: barrigudos continuarão exibindo protuberâncias. Quem tem os contornos, digamos, de uma garrafinha de Coca-Cola, ganhará o perfil de uma latinha. Já os que se assemelham a uma garrafa bojuda de Chianti vão envergar a camiseta como se fosse o envólucro de palhinha daquele vinho. Ou seja: os modelos de camisetas -que vão do decote em V, passando pelo tipo basquete, até a gola careca de manga longa- são recomendados aos que estão um pouco fora de forma, não aos obesos.
A malha faz pressão sobre o corpo, mas não chega a ser incômoda. Uma prova na loja revelou imediata melhora de postura, trouxe esbeltez insuspeitada a um senhor de 55 anos, apreciador de cervejas, e deu a impressão de injetar energia no modelo-cobaia.
É verdade que os preços são para lá de salgados, numa cidade onde uma camiseta custa US$ 5, e um ano de filiação numa academia famosa está em promoção por US$ 99.
Mas nenhuma dessas opções, claro, traz a gratificação imediata proporcionada pelo corpete masculino. Ele vai emprestar a muito pai de meia-idade o visual de um verdadeiro super-herói.


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