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BAGAGEM
VAREJO DE GUERRILHA ATACA NY
Lojas temporárias proliferam; Gucci ocupa loft no Soho para vender sapatos mais baratos por apenas 2 semanas
OSMAR FREITAS JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como cogumelos depois da
chuva, elas brotam e desaparecem. As lojas temporárias, ou
"pop-up stores", se espalham
com vigor por terras americanas. Imóveis desocupados devido à crise econômica recebem
inquilinos com contratos-relâmpago, para uma semana de
uso e, às vezes, apenas minguados quatro dias. É a adesão do
varejo às táticas de guerrilha.
O fenômeno todo pode cheirar a coisa de camelô, que aparece, vende e some. Mas há diferenças graúdas entre uma e
outra forma de comércio.
A começar pelo teto sobre a
cabeça da freguesia, em espaços que até recentemente exigiam aluguéis de cinco ou mais
dígitos, em dólar. Já os vendedores ambulantes tradicionais
costumam ter só uma mesa ou
caixotes sob suas mercadorias.
E os itens à venda nessa novidade do varejo ianque são absolutamente autênticos e produzidos por marcas boas. Melhor:
os descontos chegam a 70%.
Pegue-se o exemplo da copiadíssima grife italiana Gucci.
Por duas semanas, a partir de
23 de outubro, a marca abrirá
as portas de um loft na Crosby
Street, 118, no Soho, em Man-hattan, para vender apenas calçados esportivos. Os preços vão
de US$ 500 a US$ 1.400 (normalmente, custam o dobro disso). As estrelas da loja temporária serão os tênis feitos em colaboração com celebridades. A
peça mais cortejada foi desenhada pelo DJ Mark Ronson
-famoso nas baladas americanas. Os compradores receberão
de brinde um LP de vinil, gravado pelo próprio Ronson.
As "pop-up stores" costumam procurar endereços famosos nas grandes cidades. O
modelo busca atrair novamente uma freguesia que já comprava produtos da grife, mas
que fechou a bolsa desde a subida do preço da gasolina, em
2007, até agora, durante a crise
econômica. "Existem muitas
vantagens nesse conceito.
Além de evitar altos custos de
aluguel, decoração e manutenção das lojas, ainda se pode testar de modo barato a aceitação
de um produto novo. Ou liquidar estoques encalhados por
causa da recessão", diz Helen
Mcpherson, da confecção feminina de luxo Julie Hans. Ela comanda, até 5 de outubro, um
espaço de varejo-relâmpago na
Mercer Street, 93, no Soho. As
peças têm até 70% de descontos em seus preços, e há itens
exclusivos para esse evento.
A onda da curta temporada
começou, na verdade, em 2003,
com uma experiência do mercadão americano Target. A empresa alugou 5.000 metros quadrados no Rockefeller Center,
para apresentação e venda de
uma coleção limitada do designer americano Isaac Mizrahi. O
sucesso foi absurdo, o estoque
acabou em quatro dias. Ficou
demonstrada a viabilidade da
ideia. A moda pegou.
Parte da estratégia é não
anunciar de modo tradicional a
abertura da loja. Usa-se comunicação via twitter, e-mail e sites de relacionamento. O boca-a-boca faz o resto. Para quem
não está enturmado, o site
www.theshophound.com dá,
regularmente, o mapa da mina.
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