São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Simão vai às compras (colunista em campo)

Macaco no templo da peruagem

Símbolo de luxo, Daslu vira parque do esculhambador-geral da República, que transita pela loja, entre "paraísos" e "circo dos horrores"

Karime Xavier/Folha Imagem
A Pajero grafitada no hall da Daslu, que ele chama de "Disneylândia"


LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

"O prédio é horrível, parece um templo evangélico. Só falta a inscrição: "Arrependei-vos! Rarará'". A observação é do colunista da Folha José Simão, um dos primeiros homens a comprar na Daslu. É cliente desde a época em que a loja ainda não estava instalada no prédio na Marginal Pinheiros e não tinha o nome composto, precedido por "Villa".
Simão escolheu o símbolo paulistano do comércio de luxo para uma tarde de compras com o Vitrine: "Vou a qualquer lugar, sem preconceito. A Daslu é a cara de São Paulo. Eu me viro muito bem aqui, e com essa coisa da pujância, da grana, da polêmica. Não tenho ideologia".
O colunista renova seu guarda-roupa ali em função da variedade: "Tem um monte de coisa junta. Se você não gosta de uma, tem outra. E pra falar a verdade, é ótimo para dar aquela peruada". Costuma gastar umas "duas horinhas na Disneylândia", como diz. Compara uma volta pelos 20 mil m da Daslu a um jogo de videogame. "Conforme você anda por esses labirintos ou é o paraíso ou o circo dos horrores."
Logo no hall de entrada, ele encontra o "carro perfeito para o verão": um jipe Pajero grafitado por Felipe Yung, que faz parte da exposição "Urban Art". "É para ir à praia", diz. A representante da montadora avisa que o carro não está à venda e que o grafite não foi aplicado diretamente na lataria, mas em cima de um plástico. "Que bom! Dá para tirar no inverno. Rarará".
A próxima parada é um estande de Toy Art. Simão é fã dos brinquedinhos e tem várias miniaturas. Leva o coelho verde-limão com um cigarro na boca. "Já que não podemos, bota o bicho pra fumar". Preço do brinquedo-arte: R$ 250.
Depois, o destino é o espaço da grife feminina italiana Prada, que fica no piso térreo. Só que, para entrar lá, precisa um "visto". Explica-se: homens não podem circular na área feminina, que não tem provadores. Mas cliente top é cliente top e Simão arranca em direção às bolsas, um de seus fetiches. "Finalmente liberaram os homens para usar bolsa!". A eleita é um modelo shopping bag que custa R$ 2.480. O colunista não leva, apesar da insistência do vendedor, que o atende já há 16 anos e acompanha a reportagem durante todo o percurso. Em cada parada, o incentivo às compras é jogo duro.
Na ala masculina, o colunista pára na moderna DSquared, dos estilistas canadenses Dean e Dan Caten. O espaço fica no segundo andar. Simão se encanta com um blazer branco e o experimenta, dobrando as mangas: "Dizem que é o Roberto Carlos quem faz isso". A vendedora se apressa em avisar que o blazer está na "liquida": de R$ 4.880 por R$ 2.440!
As flutes de champanhe oferecidas aos clientes não fazem a menor diferença para o Macaco Simão, que não bebe álcool. Na pausa, só um expresso carioca Illy, servido em todos os quatro andares do prédio.
O colunista também aproveita a ida à Daslu para ver novidades na Laselva. Fica fascinado com "Chinese Propaganda Posters" (Ed. Taschen, R$ 199), que traz a propaganda produzida na China no período entre o nascimento da República Popular, em 1949, até o início dos anos 80.. "Para abater a culpa vou à livraria. Rarará. Mas não sinto culpa de nada".


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