CINEMA

Transylvania

Tony Gatlif retoma seus protagonistas nômades

Ricardo Calil

Não se deve ir a um filme de Tony Gatlif em busca de uma história lógica, com diálogos polidos. A força da obra do cineasta franco-argelino reside na liberdade quase selvagem da direção e dos atores e na vitalidade da música (composta pelo próprio diretor) e da dança.

As limitações e virtudes de Gatlif ficam mais uma vez patentes em "Transylvania". De volta à Romênia -cenário de "Gagjo Dilo" (97)-, o cineasta retoma algumas de suas obsessões: protagonistas nômades, histórias de amor inusitadas e um caldeirão étnico como pano de fundo.

A italiana Zingarina (Asia Argento) viaja da França até o interior da Romênia atrás de um antigo namorado, de quem está grávida, mas é rechaçada pelo ex. No caminho, ela topa com Tchangalo (Birol Unel), que percorre o país comprando ouro a preços irrisórios. Os dois decidem seguir viagem juntos e iniciam uma relação que varia da desconfiança ao desejo.

Menos tocante que "Exílios" (04), longa anterior de Gatlif, "Transylvania" é ainda assim um objeto fascinante e raro dentro do cinema europeu: um filme que recusa o cerebralismo e adere incondicionalmente à catarse emocional de seus personagens -o que termina por encobrir suas imperfeições.