CINEMA

Abraços Partidos

Almodóvar presta homenagem ao cinema

Sérgio Rizzo

Situações de outros filmes do espanhol Pedro Almodóvar -como "A Lei do Desejo" (1987) e "Mulheres à beira de um Ataque de Nervos" (1988)- são retrabalhadas em "Abraços Partidos", que combina elementos do melodrama, do romance e do mistério para celebrar, mais uma vez, a arte de contar histórias.

O protagonista é o ex-cineasta Mateo (Lluís Homar, de "Má Educação"). Cego, em uma espécie de "segunda vida" como roteirista, ele adota o pseudônimo de Harry Caine. Sua agente (Blanca Portillo, de "Volver") e o filho dela o ajudam no cotidiano. Uma estranha proposta de trabalho, porém, o faz reviver epi sódios do passado.

Com a habitual e sedutora fluência narrativa de Almodóvar, o tempo presente é costurado com flashbacks, que apresentam, entre outros, um poderoso empresário (José Luis Gómez, colaborador de Carlos Saura em "Olhos Vendados") e a secretária que, depois de se tornar sua mulher, quer virar atriz (Penélope Cruz).

Paixão, ciúmes, mentiras e segredos são novamente combustível para uma história de perdas e danos que elege a devoção ao cinema (e, por extensão, à arte) como a luz no fim do túnel.

Não recomendado para menores de 14 anos.