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DE 09 A 15 DE MARÇO DE 2007 |
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CINEMASonhos com Xangai Drama familiar revela causas políticasSérgio Rizzo Não se fala em Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e outros líderes comunistas chineses em "Sonhos com Xangai", mas sua presença pode ser sentida na densidade do ar: o diretor Wang Xiaoshuai ("Bicicletas de Pequim") examina o impacto de decisões e manobras políticas sobre a vida de famílias de operários ao longo de décadas.Qing Hong (Gao Yuanyuan), a protagonista que empresta seu nome ao título original do filme, tem 19 anos e vive na região de Guizhou, no sul do país. Estamos no início dos anos 80, quando seus pais -que foram morar ali duas décadas antes, como parte da campanha governamental para abrir a "terceira linha" de desenvolvimento nacional- querem abandonar o lugar, a cerca de 400 km do Vietnã. O desejo da família é voltar para Xangai, a cidade mais populosa do país, a 1.500 km. O maior problema não é a distância considerável, mas a falta de autorização oficial para percorrê-la. Eis um tema recorrente em filmes chineses contemporâneos, como os de Jia Zhang-ke ("Plataforma", "Still Life"): migrações forçadas ocasionando perda de raízes, esfacelamento das relações humanas e angústia. A insatisfação do pai, autoritário, torna ainda mais difícil a vida de Qing Hong, cujos passos são estreitamente vigiados para que ela se dedique exclusivamente aos estudos e possa pleitear uma vaga na universidade em Xan- gai. Namorado, nem pensar. Uma amiga de escola é a única a dividir com ela os sonhos e as frustrações. Quase sempre encrencado com a censura chinesa, Xiaoshuai obteve o prêmio do júri no Festival de Cannes em 2005 com esse drama familiar notável por se concentrar em aspectos privados sem perder de vista como foram gerados por circunstâncias políticas. |
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