CINEMA

Harry Potter e a Ordem da Fênix

Falta magia ao quinto episódio da aventura

Sylvia Colombo

Não há nada de novo no quinto "Harry Potter". Pior, o que há de velho já foi melhor realizado. O herói que fraqueja e percebe que está mais perto do mal do que pensa? A referência mais evidente é "Guerra nas Estrelas".

Em "Harry Potter e a Ordem da Fênix" o lado escuro da força quase leva o pobre Harry, que sofre à beça. Fica ainda mais órfão, é torturado, padece a primeira traição amorosa. Mas, no fim, tudo acaba bem, certo? Nada disso, esse não é um filme com amarração. Aqui as coisas não precisam ser resolvidas, só adiadas para manter o suspense para os filmes vindouros.

O britânico David Yates ameniza as características que os diretores anteriores imprimiram ao ambiente e aos personagens. O que havia de lúdico em "A Pedra Filosofal" e "A Câmara Secreta" (Chris Columbus) virou lugar-comum, o tom sombrio lapidado por Alfonso Cuarón e Mike Newell em "O Prisioneiro de Azhkaban" e "O Cálice de Fogo" reduz-se a uma questão climática. Chove em Hogwarts.

Voldemort volta mais sutil. Seu objetivo agora não é tanto matar Potter, mas aproveitar-se de sua rebeldia adolescente para trazê-lo para as trevas, como se fosse um jovem Anakin Skywalker tentado a virar Darth Vader. "Será que estou ficando mau?", pergunta o bruxo.

Daniel Radcliffe surge cada vez mais assexuado e robótico, enquanto Rupert Grint e Emma Watson têm papéis apagados. O trio se descaracteriza. Falta sexo no mundo da magia.

O melhor dos efeitos é o sobrevôo que Harry e sua turma fazem do rio Tâmisa, anarquizando cartões postais de Londres. Mas é só.O interesse por "Harry Potter", antes aberto a todo um mundo fantástico, hoje se resume aos segredos de "quem vai morrer e quando".

Mas será que J.K. Rowling e os diretores que levam seu mundo às telas terão de depender apenas desse tipo de suspense para manter a atenção do público? Uma pena terem de fazer uso de uma tragédia tão humana, quando se tem toda a magia do mundo nas mãos.