Índice O ROTEIRO MAIS COMPLETO
DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 23 A 29 DE MARÇO DE 2007

 

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CINEMA

O Cheiro do Ralo

Heitor Dhalia constrói narrativa sólida e fluida

Ricardo Calil

"Nina" (2004), longa-metragem de estréia do cineasta pernambucano Heitor Dhalia, era um equívoco como visão de mundo e de cinema. "O Cheiro do Ralo", seu segundo filme, ainda apresenta um olhar para a realidade bastante discutível, mas ostenta notável evolução narrativa.

Baseado no livro homônimo do escritor e quadrinista Lourenço Mutarelli (que fez as seqüências de animação de "Nina"), "O Cheiro do Ralo" é uma comédia de humor negro centrada na figura do misantropo Lourenço (Selton Mello), dono de uma loja que compra objetos usados. Da mesma forma que coleciona mercadorias, Lourenço cultiva obsessões: o fedor que exala do buraco no chão do banheiro; a bunda da garçonete do bar onde almoça; o hábito de desprezar e humilhar seus clientes.

Pode-se questionar as opções temáticas e estéticas de Dhalia: retratar o mundo fétido e sórdido de Lourenço com um visual estilizado e asséptico, como se tirado de uma revista de decoração; e aderir (e estimular a adesão do público) à escrotidão do protagonista, apresentando-o como um sujeito cruel, mas "cool". Nesse sentido, "O Cheiro do Ralo" pode ser considerado um "Cronicamente Inviável" (2000) limpinho, mas não inofensivo.

Por outro lado, não se pode negar que Dhalia consegue construir um universo sólido e uma narrativa fluida. Seus principais aliados são Mutarelli, que fornece uma idiossincrática e fascinante base dramatúrgica (e ainda interpreta o segurança da loja), e Mello, que tem sua melhor atuação desde "Lavoura Arcaica" (2001). As virtudes de "O Cheiro do Ralo" despertam a esperança de que Dhalia evolua ainda mais no terceiro filme. Um pouco de carinho pela humanidade pode ajudar na tarefa.
Capa

Cinema

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