O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 26 DE JANEIRO A 1º DE FEVEREIRO DE 2007 |
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CINEMAPerfume - A História de um Assassino Superprodução não capta essência da obraSérgio Rizzo Fala-se inglês na França pré-revolucionária de "Perfume - A História de um Assassino", dirigido por um alemão (Tim Tykwer, de "Corra Lola, Corra"), co-escrito por um inglês (Andrew Birkin, de "O Nome da Rosa") e rodado majoritariamente na Espanha, com elenco internacional. Para ambições globais, dialeto hollywoodiano: eis uma superprodução européia com os cacoetes de um filme industrial americano.Há a preocupação, por exemplo, com o que alguns chamam de "fidelidade", ou com a proximidade da trama em relação à do romance em que foi baseado, do alemão Patrick Süskind. Como o livro é narrado em terceira pessoa, o filme traz também um narrador (John Hurt, que fez o mesmo trabalho em "Dogville" e "Manderlay"). É ele quem nos apresenta, com distância literária, o assistente de perfumista Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw). Abençoado (ou amaldiçoado?) por um olfato perfeito, capaz de discernir todos os aromas da natureza, Grenouille se entrega a duas buscas obsessivas: primeiro, capturar a essência de seres humanos; depois, combiná-las em um perfume divino. Não há como alcançar esses objetivos sem se tornar um assassino serial de moças cheirosas, e então, Grenouille (que o romance compara a outras "aberrações" da época, como Sade e Bonaparte) passa a aterrorizar Paris e Grasse no século 18. Um psicopata, portanto, de quem Süskind falava de "dentro", para que o leitor compreendesse sua tragédia e quase o perdoasse por matar para alcançá-la. Essa "fidelidade" ao espírito da obra escapou à adaptação, em que movimentos acelerados de câmera e efeitos especiais procuram caracterizar o alcance do nariz fabuloso de Grenouille, como se o virtuosismo habitual de Tykwer compensasse o rosto inexpressivo de Whishaw e trouxesse um pouco de alma a um filme gélido até quando promove uma orgia. |
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