EXPOSIÇÕES

Intercâmbio

Oca recebe 700 obras do acervo do MAM

Pedro Ivo Dubra

Em um ano em que a Bienal elegeu como tema "como viver junto", duas instituições que coabitam no parque Ibirapuera se reúnem para fazer uma exposição. "MAM na Oca: Arte Brasileira do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo", aberta gratuitamente ao público a partir da terça-feira (dia 3), exibe parte do patrimônio do museu no prédio construído por Oscar Niemeyer.

Tadeu Chiarelli, Cauê Alves e Felipe Chaimovich assinam a curadoria da mostra, que foi pensada conceitualmente em conjunto, mas que teve uma "divisão de trabalho". Chiarelli responde pela organização do subsolo, Alves encampou o térreo, Chaimovich tocou o espaço expositivo do primeiro andar. O segundo pavimento ficou a cargo dos três. Daniela Thomas e Felipe Tassara assinam o planejamento espacial da coletiva.

Em trabalhos que tiveram início em abril, o triunvirato selecionou cerca de 700 obras das mais de 4.500 que há na coleção do MAM, formada sobretudo por peças produzidas a partir dos anos 50. Chaimovich conta que os três chegaram, num primeiro momento, a 1.200 criações, mas o número da antologia teve de ser enxugado para que se adequasse às peculiaridades arquitetônicas da Oca.

A intenção de iniciar uma exposição desse porte na mesma época da Bienal tem a ver com o desejo de "complementar" o evento de cunho mais internacional, ao propor um panorama que mira a arte do país. Entre os artistas de "MAM na Oca", estão Guignard, Rafael Assef, Albano Afonso, Mauro Restiffe, Tunga, Farnese de Andrade e muitos outros.

Os pavimentos não seguem uma ordenação meramente cronológica nem se restringem a afinidades de suporte -antes, estabelecem um nexo histórico em seus temas e indagações, bem como se reportam à trajetória do MAM, fundado em 1948 e com um histórico de "trauma" em 1963, quando todo o seu acervo de então foi passado ao MAC-USP.

Parque Ibirapuera - pavilhão da Oca (av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, parque Ibirapuera, região sul, tel. 5549-2744). Ter. a dom.: 10h às 18h. Abertura 3/10. Até 10/12. Estac. grátis (portão 3). A D

Subsolo

Subconsciente

Tadeu Chiarelli

O subsolo espelha uma espécie de subcons-ciente da instituição, em que se observa uma "vertente negativa" da produção artística, mais expressionista e marcada pelas "forças da ausência", segundo Felipe Chaimovich, um dos curadores. Nesse território de sombras, há trabalhos que escapam das tendências hegemônicas, representados por nomes como Nelson Leirner, Vik Muniz, Goeldi e Ismael Nery, entre outros.

Térreo

Utópia urbana

Cauê Alves

O térreo traz uma seleção que busca refletir sobre as relações entre a arte, a cidade e o espaço. Sobressaem os temas da falência do projeto de modernidade no Brasil, efervescente nos anos 50 -mesma época em que se concebeu boa parte do acervo do museu-, e dos questionadores da utopia urbana. Entre os nomes envolvidos, estão Geraldo de Barros, Victor Brecheret, Ana Maria Tavares, Leda Catunda e Volpi.

1º andar

Arte e linguagem

Felipe cahimovich

O andar se dedica às relações entre a arte e a linguagem. Entre os destaques, estão individuais de Mira Schendel, artista que criou trabalhos que misturam letras, sinais gráficos e tipos, Arthur Luiz Piza, que se reporta à escrita cuneiforme, e Leonilson, que lançava mão de palavras em sua obra. Há também experiências dos anos 90 e um núcleo que trata de criações que foram alvo de censura durante a ditadura militar.

2º andar

Aposta no novo

Chiarelli, Alves e Chiamovich

No último andar, que reuniu escolhas dos três curadores, estão as apostas do museu na nova produção. É um arremate que paira, segundo Chaimovich, sobre os diálo-gos dos outros três pavimentos, em que o térreo (arte e cidade) é pressionado pelo subsolo (subconsciente) e pelo primeiro andar (arte e linguagem). Entre os artistas contemplados por essa etapa, estão criadores como Marepe, Pazé e João Loureiro.