TEATRO

A Última Palavra É a Penúltima

Vertigem radicaliza intervenção urbana

Maria Eugênia de Menezes

Em 2007, a leitura de "História de Amor (Últimos Capítulos)", texto de Jean-Luc Lagarce, parecia prenunciar novos caminhos para o Teatro da Vertigem. Após a crise deflagrada pelo ambicioso "BR-3", espetáculo encenado no rio Tietê, o grupo trocava os espaços pouco usuais pelo palco italiano e voltava para a sala de ensaios. A estréia do novo trabalho "A Última Palavra É a Penúltima" deve surpreender, contudo, quem apostou em uma mudança de rota ou recuo estratégico na trajetória do grupo.

Com a intervenção cênica que entra em cartaz amanhã (dia 12), o Vertigem radicaliza a proposta de performance urbana sugerida em "BR-3" e ocupa uma passagem subterrânea que liga o viaduto do Chá à praça Ramos de Azevedo. Fechado para pedestres há mais de uma década, o espaço será reaberto para receber o projeto em curta temporada, parceria entre o grupo paulistano e as companhias Zikzira, de Belo Horizonte, e LOT, de Lima, no Peru.

"Sempre tivemos espetáculos de preparação longa. Esse é um trabalho diferente. Sentimos vontade de experimentar situações novas, de nos colocarmos em uma zona de risco", diz Eliana Monteiro. Assistente de direção de Antonio Araújo nas últimas montagens da companhia, ela agora compartilha a encenação com o peruano Carlos Cueva e a dupla André Semenza e Fernanda Lippi, de Minas.

A intervenção, concebida em processo colaborativo em pouco mais de 20 dias, não tem um texto final e toma questões suscitadas por "O Esgotado", obra de Gilles Deleuze. No ensaio, o filósofo se debruça sobre Samuel Beckett para tratar das possibilidades de criação que podem surgir de um estado de esgotamento.

Passagem subterrânea entre o viaduto do Chá e a pça. Ramos de Azevedo - região central, tel. 3255-2713. 50 pessoas. Seg., ter., sáb. e dom.: 19h e 21h. Grátis. Únicas apresentações. Retirar ingr. c/ uma hora de antecedência.