TEATRO

Kavka - Agarrado num Traço a Lápis

Lume tange o limite entre a obra e a vida de Kafka

Marcos Dávila

Não é erro de digitação. O nome da peça é "Kavka". Trata-se da palavra que deu origem ao sobrenome do escritor Franz Kafka, que significa gralha, em tcheco. É o que o próprio autor revela em um de seus aforismos: "Sou um pássaro completamente impossível. Sou uma pequena gralha, um kavka".

A adequação do indivíduo à sociedade está presente nesse novo monólogo do grupo Lume, que tem como ponto de partida a vida e a obra do escritor tcheco, interpretado por Ricardo Puccetti.

"Ele mesmo "Kafka" dizia que não havia separação entre a sua vida e a sua obra. Pesquisamos a arte do ator há 20 anos e sempre lidamos com essa questão. Onde termina a vida do ator e começa a obra de arte?", indaga a diretora Naomi Silman. Essa tensão entre vida e arte é o fio condutor da peça, que acompanha uma noite imaginária no final da vida de Kafka.

O conto "O Cruzamento", cujo narrador é um animal metade cordeiro, metade gato, foi escolhido para servir de base para a peça, que tem vários trechos de textos curtos de Kafka e outros concebidos pelo ator em improvisações.

Sesc Santo André - teatro (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André, tel. 4469-1200). 303 lugares. Sex. e sáb.: 21h. Únicas apresentações. 80 min. 12 anos. Ingr.: R$ 4 a R$ 10. Estac. (R$ 2 a 1ª h mais h adicional). A D