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Bienal de São Paulo será delicada, diz arquiteto
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FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA
Enquanto a montagem labiríntica da 29ª Bienal de São Paulo, há dois anos, denotava forte presença da arquitetura, a expografia da 30ª Bienal, prevista para ser aberta em 7 de setembro, deve ser marcada pela discrição.
"Esse conceito segue a linha curatorial da mostra. Será uma bienal muito delicada, na qual cada artista tem uma pequena retrospectiva", conta à Folha Martin Corullon, 39, o arquiteto responsável pela montagem.
Corullon tem ampla familiaridade com o pavilhão da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer. Ele trabalhou lá por quatro anos, entre 1997 e 2000, no começo com a organização da 24ª Bienal (quando conheceu Luis Pérez-Oramas, curador da atual edição), e mais adiante na Mostra do Redescobrimento.
Em ambas, trabalhou como assistente de Paulo Mendes da Rocha, com quem colabora em outros projetos, como o Museu de Vitória, no Espírito Santo, previsto para ser inaugurado no próximo ano.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Martin Corullon, arquiteto responsável pela montagem da Bienal |
Com a 30ª Bienal, Corullon encabeça, pela primeira vez, um projeto expográfico de grande porte --afinal, trata-se de um pavilhão de 25 mil m². "Fazer uma Bienal é quase como fazer um projeto urbanístico, porque se tem de pensar, por exemplo, em formas de circulação", diz o arquiteto em seu escritório, no centro da cidade.
A pessoas próximas, Pérez-Oramas tem dito que pretende fazer uma exposição antiespetacular, oposta ao que foi "Em Nome dos Artistas", no ano passado, que comemorou 30 anos da Bienal com um acervo norueguês.
Na montagem da próxima Bienal, isso vai se transformar em "silêncios visuais", como define Corullon. "O que eu gostaria é que a arquitetura fosse quase invisível", diz.
Para tanto, o arquiteto vai trabalhar com quatro níveis de paredes, as mais baixas com 2,6 metros de altura, as mais altas, com 4,6 m.
Como o pé-direito do prédio tem 4,95 metros, a maioria das paredes deve estar mais próxima do nível mais baixo. "Com isso, o edifício do Niemeyer vai ficar muito mais visível e presente."
Também estão previstas no projeto áreas de descompressão, onde o público vai poder descansar de vez em quando, já que o percurso da bienal é extenso. Há quatro anos, com um andar sem obras, criou-se a "Bienal do Vazio". Se a montagem concretizar aquilo que Corullon diz, a próxima pode ficar conhecida como "Bienal do Silêncio".
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