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25/04/2012 - 14h09

Ópera "Lulu" leva sexo e morte ao palco do Teatro Amazonas

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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

São Paulo, 1982: tendo o barítono brasileiro Carmo Barbosa como protagonista, o Theatro Municipal apresentava "Wozzeck", ópera atonal do austríaco Alban Berg (1885-1935); em um papel coadjuvante estava o tenor Luiz Fernando Malheiro.

Manaus, sexta-feira passada: Malheiro regeu a Amazonas Filarmônica na primeira apresentação integral no país de "Lulu", obra-prima que Berg deixou inacabada (Friedrich Cerha completou o terceiro ato em 1979).

Desta vez não foi possível contar com elenco totalmente brasileiro: as alemãs Anke Berndt e Ulrika Tenstam arrasaram como Lulu e Condessa, mas os brasileiros Juremir Vieira e Pepes do Valle também estiveram ótimos como Alwa e Schigolch.

Divulgação
Cena da ópera "Lulu", parte do Festival Amazonas de Ópera
Cena da ópera "Lulu", parte do Festival Amazonas de Ópera

No palco do Teatro Amazonas, sexo --ressaltado pela direção de Gustavo Tambascio-- e morte sobre o som dodecafônico de Berg. Visualmente o primeiro ato foi o mais original, uma clareza estática e limpa entremeada pelo rastejar grotesco de animais pantanosos.

Berg segura o drama com a forma musical: no primeiro dueto-sonata entre Lulu e Dr. Schon (interpretado por Matteo de Monti), a tensão aumenta com a instabilidade, e logo depois é possível ouvir a flauta retomar a frase aguda de Lulu.

A obra é um espelho perfeito, com a música do filme mudo virando tudo pelo avesso. E quando, ao final, Lulu se prostitui em Londres, seus três clientes são interpretados pelos mesmos cantores que haviam sido os maridos.

Foi o filósofo alemão Theodor Adorno (1903-1969) quem disse que uma mescla de ternura, niilismo e confiança define a arte de Berg: "cumplicidade com a morte, urbana gentileza para com o seu próprio extinguir-se são características de sua obra".

Os trinta anos que separam as montagens das duas óperas de Berg podem parecer uma eternidade. Manaus tem, contudo, outro tempo: na saída do teatro, o som do bar da praça tocava "Clair", sucesso de 1972 na voz do cantor pop Gilbert O'Sullivan.

"Lulu" de Alban Berg
Quando 28/4, às 20h, no Teatro Amazonas
Avaliação ótimo

Programação do Festival Amazonas de Ópera, no Teatro Amazonas

"I Puritani" de Vincenzo Bellini
27/4, às 20h
29/4, às 19h

"Tosca", de Giacomo Puccini
6/5, às 19h
12/5, às 20h

"A Flauta Mágica", de W. A. Mozart
13/5, às 19h
15/5, às 20h
17/5, às 20h

 

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