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SPFW: "Pará tem o oxigênio do mundo", diz estilista Ronaldo Fraga sobre sua inspiração
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IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO
Ele está de volta. Após anunciar uma pausa nas temporadas de moda, o estilista Ronaldo Fraga apresenta na noite de hoje um desfile totalmente inspirado no Pará, o Estado mais efervescente do Brasil.
Fraga recebeu a Folha no backstage da apresentação, que fecha o segundo dia da 33ª edição da São Paulo Fashion Week, que acontece na Fundação Bienal, no parque do Ibirapuera.
Simpático e solícito, Fraga revelou suas inspirações e explicou sua volta. Confira abaixo os principais momentos do papo.
FEITIÇO DO PARÁ
O Pará tem o oxigênio do mundo que a gente vive. Não só o oxigênio da floresta, mas uma cultura oxigenante, que é tudo ao mesmo tempo, que nos dá a ópera e dá o tecnobrega. Te dá uma comida extremamente sofisticada e te dá um feitiço amazônico -você olha de longe e diz "nossa, que mulher linda" e de perto vê que é uma castanheira. Não é a toa que o Pará virou a bola da vez.
REDESCOBERTA
O Brasil está descobrindo a cultura paraense. Historicamente, o Brasil nunca deu conversa para a Amazônia, só prestou atenção no final do século 19, com a borracha, e depois deixou passar. Esse lugar teve tempo para uma maturação da cultura extremamente peculiar, que é mistura da Europa, Amazônia, índio.
INSPIRAÇÃO
O ponto da minha pesquisa foram as viagens etnográficas do Mário de Andrade. As obras dele despertaram meu olhar para a Amazônia. Quando li "Macunaíma" e "Turista Aprendiz", quis muito um dia entender esse lugar.
LOOKS
Começa com esse europeu que chega à Amazônia no fim do século 19, então tem uma alfaiataria do guarda-roupa de Mário de Andrade, tudo em linhos em falsos brancos, meio encardidos. Aos poucos, vem incorporando a cultura local, no registro da madeira, da flora, da fauna. Mas é a roupa dele que é transformada: os paletós vão abrindo buracos, ganhando decotes. O calor vai ficando infernal e ele corta a manga.
RETORNO
Não imaginava que fosse causar tanto impacto aquilo que eu falei. Disse que ia pular aquela estação e voltaria na próxima. Não deixei claro se seria no verão, se seria no inverno, mas uma coisa eu tinha deixado claro: minha estrutura é muito pequena, ainda muito centrada em mim. Fazer dois desfiles num semestre era inviável, uma estação acaba vitimando a outra. Por isso sou um grande entusiasta de o inverno passar para novembro.
SACO CHEIO
O desfile também tinha passado a ser a única coisa que eu fazia. Hoje, me envolvo em tantos projetos, também tirei férias, curti a família. Aproveitei que estava muito cansado e muito de saco cheio e fui para a Amazônia.
Pedro Silveira/Folhapress | ||
O estilista mineiro Ronaldo Fraga |
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