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08/08/2012 - 05h41

Lilia Cabral interpreta solteirona no espetáculo "Maria do Caritó"

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GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em sua cidade, Maria do Caritó é conhecida como santa. Mas a oração à qual a beata mais se dedica é: "São Bartolomeu casar-me quer eu. São Ludovico, com um moço muito rico. São Nicolau, que ele não seja mau. (...) Santa Trindade, que me dê felicidade. E, principalmente, São Germano, que não passe deste ano."

"Maria do Caritó", que entra em cartaz em São Paulo após uma temporada carioca de sucesso, foi escrita por Newton Moreno especialmente para Lilia Cabral.

Sob as batutas do diretor João Fonseca, a atriz enternece e arranca gargalhadas de sua plateia vivendo a solteirona que dá nome à peça.

A virgem beira os 50 anos. Segundo seus conterrâneos de Caritó, faz milagres e foi prometida pelo pai a São Djalminha, santo desconhecido.

Claudia Ribeiro/Divulgação
Lilia Cabral em cena em "Maria do Caritó"
Lilia Cabral em cena em "Maria do Caritó"

Todos em sua cidade beijam seus pés, mas ela sonha mesmo com alguém que beije seus lábios e, como diz com uma crença inabalável no amor, desperte seu coração.

Cabral, 55, conta que se identificou com o papel. "Essa mulher tem perseverança, fé e determinação para ir em busca do que deseja. É a trajetória da vida de muita gente, inclusive a minha", diz.

"As conquistas podem chegar rápido ou demorar. É preciso ser muito persistente", ensina ela.

A atriz teve de esperar quase três décadas e mais de 20 trabalhos na televisão para ganhar pleno reconhecimento na carreira.

Somente com o papel da insensível Marta, de "Páginas da Vida", novela de Manoel Carlos de 2006, é que foi destacada como uma das grandes atrizes brasileiras.

No cinema e no teatro, em sucessos como "Divã", que saiu dos palcos e transformou-se em êxito do cinema nacional em 2009, Lilia mostrou sobretudo seu talento dramático.

"Buscava uma comédia na qual pudesse retomar o trabalho com parceiros antigos, com os quais comecei", diz.

Ela divide a cena com colegas do início de sua trajetória artística, como Fernando Neves e Silvia Poggetti, com quem formou nos anos 1980 a Companhia Dramática Piedade, Terror e Anarquia.

SIMPLICIDADE

Cabral considera seu papel em "Maria do Caritó" um dos mais desafiantes: "É preciso muita maturidade para conquistar a simplicidade".

Pelo desempenho, venceu, entre outros prêmios, o Contigo 2011 na categoria melhor atriz. Também foi indicada ao Shell de 2010 --a peça teve indicações ainda para texto, cenografia, trilha sonora, figurino e direção, vencendo este último.

Newton Moreno, um dos principais dramaturgos da nova geração, premiado por trabalhos como "Agreste" e "As Centenárias", conta que inspirou-se no fato da atriz ter grande empatia com o grande público.

"Lilia dialoga com as pessoas de maneira forte e direta. Não é à toa que virou referência de comunicação popular. Também estava certo de que ela iria transitar na gangorra entre o sagrado e o profano exigida pela personagem de maneira muito fluida", afirma.

Segundo Moreno, a expressão "estar no Caritó" é muito comum no Nordeste. "Quer dizer 'ficar para titia'" explica.

Em "Maria do Caritó" e "Terra de Santo" (seu novo projeto com o grupo Os Fofos Encenam, previsto para estrear em outubro), o autor pernambucano segue a pesquisa de levar suas raízes aos palcos, investigando a religiosidade do povo brasileiro.

O autor considera "Maria do Caritó" uma metáfora da fé interesseira. "Todos em torno da protagonista abusam da sua grande imagem de santa para se beneficiarem."

MARIA DO CARITÓ
QUANDO sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 18h; de 10/8 a 16/12
ONDE Teatro Faap (rua Alagoas, 903; tel. 0/xx/11/3662-7233 )
QUANTO de R$ 30 a R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

 

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