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24/08/2012 - 06h01

Crítica: Baron Cohen reaviva sátira política no cinema

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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O grande azar de Sacha Baron Cohen foi ter estreado no cinema, como protagonista, com "Borat" (2006), uma das comédias mais inovadoras dos últimos anos.

"Borat" era um falso documentário posando de real, um "road movie" politicamente incorreto, radical e surpreendente.

Depois de "Borat", qualquer filme de Cohen vai sofrer com as comparações. Foi o que ocorreu com "Brüno" (2009), uma comédia sobre a indústria da moda, que tinha estilo semelhante ao de "Borat", mas menos inspirado.

É o que certamente ocorrerá com "O Ditador", novo filme de Cohen e, a exemplo de "Borat" e "Brüno", dirigido por Larry Charles.

Cohen interpreta o general Aladeen, ditador da fictícia República de Wadiya (e claramente inspirado em Muammar Gaddafi).

Divulgação
O ator Sacha Baron Cohen interpreta o general Aladeen em cena do filme "O Ditador"
O ator Sacha Baron Cohen interpreta o general Aladeen em cena do filme "O Ditador"

Aladeen usa o país como seu parque de diversões: ganha todas as medalhas de ouro em olimpíadas particulares, todos os prêmios em festivais de cinema e dorme com as melhores prostitutas locais (a julgar pela coleção de fotos em seu quarto, também dorme com Oprah Winfrey, Katy Perry e Schwarzenegger).

Por razões estúpidas demais para detalhar aqui, Aladeen precisa ir a Nova York discursar na ONU. Antes do discurso, o ditador é vítima de um golpe armado pelo tio, Tamir (Ben Kingsley), que o substitui por um sósia.

Aladeen vaga anonimamente por Nova York, pensando em um plano para voltar ao poder. É quando encontra Zoey (Anna Faris), uma feminista radical, vegetariana e defensora de todas as minorias, que, sem saber que ele é um ditador sanguinário, lhe oferece emprego numa loja de produtos naturais, onde todos os funcionários são refugiados políticos.

O filme não poupa ninguém: liberais, ativistas, republicanos, democratas, celebridades hollywoodianas, a mídia: todos são esculhambados sem dó e sem um pingo de correção política. Aladeen chama uma refugiada salvadorenha, que usa próteses metálicas no lugar das mãos, de "Capitão Gancho".

Em determinado momento, ele diz a Zoey: "Mulheres que vão à escola são como macacos andando de patins: significa muito para elas, mas são tão divertidas para nós".

"O Ditador" tem uma narrativa mais convencional que a de "Borat". Pela primeira vez, Cohen faz um filme que não finge ser um documentário. E, mesmo sem o impacto da novidade, tão presente em "Borat", "O Ditador" consegue fazer rir.

O filme também tem o mérito de ressuscitar a sátira política no cinema, tão sumida das telas nos últimos anos. Em uma das melhores sequências, o ditador Aladeen faz um discurso contra a democracia e louvando as ditaduras, que termina como uma cutucada feroz nos Estados Unidos.

"O Ditador" não é tão engraçado ou inovador quanto "Borat", mas Cohen mostra que fez a opção certa ao evitar se repetir. E prova, de novo, que é o comediante mais provocador e corajoso trabalhando no cinema hoje.

O DITADOR
DIREÇÃO Larry Charles
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Anália Franco, Eldorado Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

 

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