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07/09/2012 - 06h13

Crítica: Jean Dujardin está em "Os Infiéis", comédia com muitos esquetes e pouca graça

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CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Quando os cartazes de "Os Infiéis" apareceram na França, pouco antes de Jean Dujardin triunfar na entrega do Oscar com o prêmio de melhor ator por "O Artista", o material de divulgação considerado polêmico ocupou mais espaço de mídia que o filme.

Para a comissão francesa de regulação de publicidade as peças protagonizadas por Dujardin e por Gilles Lellouche "apresentam uma imagem degradante da mulher e foram feitas obviamente para chocar uma parcela do público, já que promovem uma imagem da mulher que atinge sua dignidade e sua decência".

À parte a insolúvel discussão moral, o público que se sentir atraído pela "ousadia" dos cartazes corre o risco de sair da sessão com vontade de pedir o dinheiro de volta.

O projeto pessoal de Dujardin era evocar os bons tempos da comédia erótica italiana, gênero mimetizado com a carne e o calor tropicais e aqui rebatizado como pornochanchada. Como na matriz italiana, "Os Infiéis" explora o recurso do esquete para apresentar múltiplas situações que ilustram o tema do adultério, da rotina sexual e afetiva dos casamentos e do tédio dos homens próximos da meia idade. O resultado, no entanto, quase não se distingue de uma versão francesa de "E Aí, Comeu?"

Dujardin e Lellouche contracenam nas curtas histórias, dirigidos por amigos como Michel Hazanavicius (também oscarizado por "O Artista"), Jan Kounen e Emmanuelle Bercot, além de dividirem a direção do último episódio.

Como sempre nesse tipo de trabalho coletivo, o resultado é desigual, com algumas boas situações perdidas em meio a episódios intermináveis focados na crise do macho e do modelo monogâmico.

A charmosa canastrice de Dujardin torna interessante a história em que seu personagem tenta transar a noite toda, mas sempre termina na mão. Outra cena-vinheta em que Guillaume Canet tem de se livrar de um flagra vale uma curta risada.

Os raros momentos engraçados, no entanto, perdem-se em meio à típica tagarelice francesa, com casais de atores que acham o máximo representar diálogos que reproduzem, com o perdão do pleonasmo, chatíssimas DRs. Ou em bobagens como a terapia de grupo conduzida por uma psicóloga diante de um time de predadores sexuais que só pensa num tratamento: transar com a doutora.

A única ousadia de fato aparece numa cena homossexual em que Dujardin, entediado de mulheres fáceis, fica de quatro para Lellouche. Como no cinema não existe a tecla de avanço rápido, não custa esperar o filme sair em DVD para ver esse breve instante de um macho alfa que não teme perder a honra.

AVALIAÇÃO ruim

 

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