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15/09/2012 - 04h02

Ópera enxuta de Claude Debussy é montada pela primeira vez em SP

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JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um imenso painel ovalado flutua sobre o palco do Theatro Municipal, como se fosse uma versão amigável do planeta Melancolia, no filme de Lars von Trier.

Mas ele não provoca sustos. Serve apenas de tela para a lenta projeção de fragmentos de quadros impressionistas. É assim o sugestivo cenário de "Pelléas et Mélisande", ópera de Claude Debussy (1862-1918) que terá hoje a primeira de suas cinco récitas paulistanas.

"Pelléas" estreou em Paris em 1902. Nunca havia sido encenada em São Paulo. Há quatro anos foi montada em Belo Horizonte, com a soprano Rosana Lamosa (Mélisande) e o tenor Fernando Portari (Pelléas), que estão no elenco do Municipal em companhia do barítono francês Vincent Le Texier (Golaud)- ele fez o mesmo papel, em março, na Ópera Bastilha, com direção cênica de Bob Wilson.

Para a montagem que estreia neste sábado (15)--última récita no domingo, 23/9-- a direção musical é de Abel Rocha; a cênica, de Iacov Hillel; e a cenografia, de Hélio Eichbauer.

Wladimir Aguiar/Folhapress
Cena da ópera "Pelléas et Mélisande", durante ensaio geral
Cena da ópera "Pelléas et Mélisande", durante ensaio geral

É um espetáculo enxuto, em que os cenários, apenas sugeridos por meio de projeções, combinam com uma música despida de melodias, de eloquência orquestral. Debussy quis ao seu tempo se contrapor à prolixidade musical e à complexidade harmônica de Richard Wagner (1813-1883).

Mas sua ópera é de regência dificílima, diz Abel Rocha. "Há uma sonoridade solta, em que instrumentistas e cantores não têm a previsibilidade melódica; precisamos todos contar os compassos para não entrarmos no momento errado."

Ou, conforme Rosana Lamosa, "não dá para relaxar em nenhum momento".

Debussy foi o grande gênio musical francês da Belle Époque. Sua sonoridade é construída por sutilezas.

E foi assim que Iacov Hillel concebeu a direção dos sete cantores. Nesse "conto de fadas para adultos", os personagens têm biografias incompletas. Não se sabe de onde vem Mélisande ou a razão que a impede de discorrer sobre seu passado.

MOBILIDADE

Nada mais justo, portanto, que cenografia e movimentação dos personagens fiquem em aberto, com um mínimo de mobiliário para servir de referência. "Essa ópera é a todo o momento uma imensa sugestão", diz Hillel.

A história é simples. Golaud se perde numa floresta durante uma caçada e encontra Mélisande, que também está perdida. Ambos se casam e apenas seis meses depois pedem para serem aceitos pelo avô de Golaud, o rei Arkel. Golaud tem um meio-irmão, Pelléas, a quem assassina ao desconfiar que há entre ele e Mélisande sentimentos pouco fraternais.

"Golaud é o único realmente humano", diz Hillel, já que os demais pairam pelo enredo num jogo justamente de sugestões.

"Pelléas et Mélisande" foi uma espécie de coqueluche do nacionalismo musical francês no começo do século 20. Mas passou três décadas fora do repertório. Voltou como obra cult e passou a ser regida por Boulez, Karajan, Abbado ou Gardiner.

É em tudo diferente da ópera clássica ou romântica. Não tem árias ou temas orquestrais. Mas tem seu jeito peculiar de ser belíssima.

PELLÉAS ET MÉLISANDE
QUANDO sáb. (15), seg. (17), qua. (19) e sex. (21), às 20h, e dom. (23), às 17h
ONDE Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0327)
QUANTO de R$ 40 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos

 

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