Suede muda repertório em seu primeiro show para brasileiros

Depois de quase 20 anos, fãs brasileiros do Suede poderão finalmente assistir a um show da banda. Aguentando o sol das 17h, no Jockey Club paulistano, dentro do festival Planeta Terra.

"É diferente tocar em um grande evento. Tem o lado bom de sentir que pessoas que vieram para ver outros grupos acabam gostando do nosso show. Mas é pena ter de preparar um repertório curto", diz à Folha, por telefone, Brett Anderson, cantor e líder da banda britânica.

A boa notícia é que ele vai escolher um set list especial para São Paulo. Nos shows recentes na Europa, a banda priorizou material novo, mas vai acrescentar muitos clássicos dos anos 1990 no primeiro show no Brasil.

"Eu não sei explicar o que aconteceu, mas é incrível demorarmos tanto para tocar aí. Em vários shows pelo mundo eu encontro brasileiros, os fóruns do Suede pela internet são cheios de brasileiros. Não tinha dado certo até agora, simplesmente isso."

	Ben Stansall/AFP
	Brett Anderson durante o show do Suede no Hop Farm Festival, na Inglaterra

Lançando seu primeiro e homônimo álbum em 1993, o Suede protagonizou a onda britpop, com Oasis, Radiohead, Pulp, Verve e bandas menores que revitalizaram a produção de rock na Inglaterra.

Parte da crítica diz que sua geração foi a última de vocalistas carismáticos, como ele, Liam Gallagher, Jarvis Cocker e Richard Ashcroft.

Ele concorda que nas bandas atuais os cantores não se destacam, mas não vê problemas nisso. "A proliferação da troca de arquivos de música, sem capas de álbuns, deixa os novos grupos meio 'sem rosto'. Mesmo se a música for boa, há menos idolatria."

Anderson tenta ouvir artistas novos --"não fico um dia sem caçar bandas que não conheço"-- e gosta da geração mais jovem. Seu favorito agora é Bat for Lashes, projeto da inglesa Natasha Kahn.

Falando sobre outras bandas que estão no Planeta Terra, ele elogia o Kasabian --"completamente loucos no backstage"-- e afirma ser um grande fã das cantoras Beth Ditto, do Gossip, e Shirley Manson, do Garbage.

Anderson gravou cinco álbuns com o Suede, um com a banda The Tears e quatro disco em carreira solo.

Em São Paulo, só cantará músicas do Suede, que há três dias finalizou a gravação do novo álbum, que deve sair no início do ano que vem. É o primeiro de inéditas desde 2002.

Aos 45 anos, diz que seu dia a dia na estrada é tranquilo. "Os shows consomem minha energia, não sobra muito tempo para nada além de viajar e conversar. Sou um cara quieto, sabe? E a banda tem uma regra de nunca beber antes dos shows."

Anderson só não aceita ser chamado de alguém concentrado em seu trabalho. "Não é trabalho, definitivamente. Faço música com o coração, subir ao palco me dá um prazer imenso. Show de rock não é como trabalhar em um escritório. Ainda bem."

SUEDE NO FESTIVAL PLANETA TERRA
QUANDO 20 de outubro, às 17h (o festival começa às 13h50)
ONDE Jockey Club (av. Lineu de Paula Machado, 1.263)
QUANTO R$ 330, à venda no site www.livepass.com.br
CLASSIFICAÇÃO 16 anos