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11/10/2012 - 05h44

Cia. Hiato explora limites entre arte e vida

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GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Meu nome é Luciana Paes e isto é o mais próximo que eu consigo chegar da realidade." Assim se inicia um dos seis solos que compõem "Ficção", novo espetáculo da Cia. Hiato, cuja estreia aconteceu na terça (9).

A obra explora os limites entre realidade e invenção. Nela, cada ator do grupo dá um depoimento de vida. Os relatos apresentados em duplas são em parte verdadeiros, em parte ficcionais.

"A gente queria encontrar padrões de teatralidade na vida", diz Leonardo Moreira, dramaturgo vencedor dos últimos dois Prêmio Shell de teatro, que também é diretor do grupo.

Para ele, abandonar a ficção é algo impossível. "Nossa existência é mediada por ficção. Sem ela a realidade não faz sentido", acredita.

Lenise Pinheiro/Folhapress
A atriz Mariah Amélia Farah em cena da peça "Ficção"
A atriz Mariah Amélia Farah em cena da peça "Ficção"

Um questionamento sobre o papel das artes cênicas na arte contemporânea despertou o processo de pesquisa.

Tudo começou quando Moreira notou-se descrente do poder do teatro de contar histórias. Chegou a constatar a existência de linguagens mais eficientes para a tarefa, como a cinematográfica.

Resolveu, então, investigar a singularidade do teatro: o encontro que se estabelece entre ator e espectador e entre ator e personagem.

"Ficção" nasce do desejo de potencializar essas relações. Se a vida se configura como um trânsito constante entre realidade e ficção, a obra criada pela Cia. Hiato refaz o mesmo trajeto.

A intenção de Moreira é brincar com a plateia. "Quero que o espectador se pergunte onde está", relata ele.

REALIDADE E VERDADE

Em busca de depoimentos genuínos, os atores se munem de materiais ficcionais. Para expressar questões pessoais, Paes, por exemplo, toma emprestada a figura de Frida Kahlo, além de reflexões de Nietzsche e Kandinsky, entre outros artistas.

Em seu solo, a atriz Maria Amélia Farah evidencia ter sido uma invenção de sua mãe na infância. "A gente é elemento de ficção da vida de outras pessoas", diz ela.

Thiago Amaral chega a dizer em cena: "Não acho que todas as histórias devem ser reais. Devem ser verdadeiras". O ator narra à plateia sua relação com o pai, numa apresentação que justapõe diversos tempos e sobrepõe diferentes camadas de ficção.

Fantasiado de coelho, como fez numa festa da infância, Amaral leva seu pai ao palco. Conta que chegou a ficar seis anos sem vê-lo. A presença física deste não ator parece tornar o depoimento ainda mais real.

A peça, que alterou a relação de ambos, é a prova concreta do poder da fantasia de alterar a realidade.

Se a desilusão de Leonardo Moreira na arte teatral marcou o início de "Ficções", o final da história é bem mais feliz. "Foi um reapaixonar", diz o diretor.

FICÇÕES

QUANDO ter. a sáb., às 21h; dom. e feriados, às 19h; até 4/11
ONDE Sesc Pompeia (rua Clélia, 93; tel. 0/xx/11/3871-7700)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

 

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