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13/10/2012 - 05h53

Infantis brasileiras desbravam Frankfurt

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RAQUEL COZER
ENVIADA ESPECIAL A FRANKFURT

Todo mundo quer passar pelo pavilhão 8 da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. Nele ficam as maiores editoras de língua inglesa do mundo, como a Random House, a Penguin e a Simon & Schuster. É tão concorrido que só lá os visitantes são revistados antes de entrar.

Pois foi nele que, no ano passado, a editora Callis, longe de figurar entre as maiores do Brasil, resolveu estrear um estande próprio. Não no pavilhão 5, onde ficam o estande brasileiro e os da Companhia das Letras e da Record. Nem no 3, reservado para editoras infantis, como a Callis.

"Há três anos, eu estava no estande do Brasil, mandando 300 e-mails para editores e agentes estrangeiros para conseguir só dez respostas, pensando em como ser notada, quando concluí: 'Se todos só querem saber do pavilhão 8, é para lá que eu vou'", conta a diretora Miriam Gabbai.

Foi preciso criar uma empresa americana, já que o pavilhão é restrito a editoras de países de língua inglesa ("Abrimos uma em Nova York"). Na última sexta, a reportagem da Folha precisou esperar duas horas até Gabbai arrumar uma janela entre reuniões com editores interessados em seus livros.

Kai Pfaffenbach/Reuters
Mulher organiza livros na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha), que vai até domingo
Mulher organiza livros na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha), que vai até domingo

Enquanto a maior parte das casas brasileiras faz um trabalho ainda tímido de divulgação de seus catálogos em Frankfurt --o Brasil tenta passar de comprador a vendedor de títulos--, poucas editoras, como a Callis, têm como meta só vender.

No Pavilhão 8, são só três, todas de títulos infantis.

A primeira a chegar ao pavilhão 8 foi a mineira Cedic, em 2010. Naquele mesmo ano, a família Cavalheiro, dona da editora, resolveu parar de participar das grandes feiras no Brasil, onde já era representada por distribuidoras, e apostar nos maiores eventos internacionais.

Além de Frankfurt, a Cedic hoje tem estandes nas feiras de Bolonha, Londres, Nova York e Guadalajara. O metro quadrado em Frankfurt custa em torno de 360 euros (R$ 950), ante R$ 470 na última Bienal de São Paulo, mas o investimento, dizem os Cavalheiro, tem sido vantajoso.

Especializada em livros-brinquedo --como o "livro cubo", quebra-cabeça de seis peças em que cada peça é um livrinho infantil--, a Cedic vende para mais de 40 países. Os compradores recebem os textos, enviam de volta as traduções, a Cedic produz o livro e o imprime na China.

Na Feira de Frankfurt, o estande simples, de 16 m², da editora ostentava títulos em espanhol, inglês e árabe.

Um outro produto, o "livro banco", que agrega um banquinho para as crianças sentarem enquanto leem, estava exposto tanto no estande da Cedic quanto no da alemã Otto, no pavilhão 3 -os alemães encomendaram o título na Feira de Londres.

Entre os clientes, estão a Santilliana, no México, e a Sandwick, na Noruega. Editoras pequenas americanas ou europeias vez por outra aparecem, mas a Cedic enxerga clientes melhores em países como África do Sul, Irã e Rússia.

"E os Emirados Árabes! Ô gente para ter dinheiro! Apesar de a Europa toda estar em crise, a gente tem feito um trabalho legal", diz a editora Gislene Cavalheiro.

O sucesso da casa estimulou a paulista Ciranda Cultural a estrear um estande neste ano --também no pavilhão 8, é claro.

A Ciranda Cultural tem o mesmo modus operandi da Cedic. Imprime livros na China, é forte no porta-a-porta brasileiro e onipresente em escolas --foi a primeira na lista de títulos vendidos para o programa de aquisição para bibliotecas da Fundação Biblioteca Nacional neste ano.

Em Frankfurt, ainda não conseguiu vender nada. Mas sabe que voltará a ter estande no ano que vem. "É uma questão de apresentação de produto. Com o tempo, vai acontecer", diz Donaldo Buchweitz, dono da editora.

A Callis, com livros já vendidos para países como Coreia, Japão e Canadá, acredita que há espaço para crescer. A dificuldade mesmo é vender para as editoras que a cercam no pavilhão --inglesas e americanas são sempre as menos interessadas em comprar títulos estrangeiros.

 

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