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Comédia 'Os Candidatos' tira proveito de vale-tudo eleitoral
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RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK
Depois de alguns drinques, o deputado democrata Cam Brady (Will Ferrell), hormônios em alta, liga para uma de suas amantes.
Crítica: 'Os Candidatos' perde cinismo na reta final
Mas ele se engana no número e deixa uma mensagem para lá de obscena na secretária eletrônica de uma família evangélica, que faz escândalo com o deputado-família.
Com sua reeleição ameaçada, a oposição não perde tempo. Dois irmãos milionários, grandes doadores republicanos, decidem inventar um opositor. E escolhem o mais laranja de todos, o secretário de turismo local, Marty Huggins (Zach Galifianakis, do filme "Se Beber, Não Case").
A comédia "Os Candidatos", que estreia nesta sexta (19), tira proveito do vale-tudo eleitoral e do excessivo peso de valores familiares e religiosos nas campanhas, tendência que também cresce no Brasil.
O mulherengo democrata, com penteado à John Edwards e modos que fariam John Kennedy e Bill Clinton corar, sempre aparece com sua mulher platinada e seus filhos perfeitos na missa dominical.
Divulgação | ||
Zach Galifianakis (à esq.) e Will Ferrell (à dir.) em cena de "Os Candidatos" |
Mas, disputando voto a voto, não deixa de ir a um culto particular, onde uma cobra é venerada pelos fiéis.
A construção do candidato republicano segue a mesma hipocrisia, e sua família é forçada a uma transformação radical.
"Ninguém mais aguenta essas famílias perfeitas de candidatos, com mulher e filhos impecáveis", disse Will Ferrell à Folha. "Nem quero saber se eles vão à igreja ou não. Interessa se são competentes e honestos."
"A mídia também é culpada. Ela quer esquadrinhar cada canto da vida pessoal dos candidatos", completa.
PASTELÃO
Há diversos momentos de escatologia pastelão, como quando os dois candidatos disputam aos socos quem será o primeiro a pegar um bebê no colo para tirar a foto clichê de qualquer político.
Na confusão, o bebê leva um soco de um deles --sua chupeta sai voando em câmera lenta na cena.
O peso cada vez maior de patrocínio corporativo das campanhas também aparece.
Os tais irmãos milionários por trás do candidato de ocasião querem vender parte do distrito da Carolina do Norte onde a história se passa para empresários chineses instalarem suas linhas de montagem.
Sobra para o Brasil no final. "Não permitiremos que nosso país seja vendido para outras potências, como a China ou o Brasil", diz um dos candidatos.
O diretor Jay Roach, que em "Game Change" contou como Sarah Palin virou candidata a vice-presidente em 2008, diz que "Os Candidatos" é apenas entretenimento e sátira, mas que "a realidade tem oferecido muitos elementos cômicos".
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