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Edusp revê trajetória e recusa formatos digitais
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TRAJANO PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Edusp (Editora da Universidade de São Paulo), a maior do segmento em número de obras lançadas, chega aos 50 anos com mais de 3.200 títulos, 68 prêmios Jabuti recebidos, um olho no passado e outro no futuro.
Entre os dias 5 e 8 deste mês, a Edusp comemora seu cinquentenário com o simpósio "Livros e Universidades" -a ser realizado no auditório da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária, em São Paulo.
Para os 12 debates, a curadora Marisa Midori Deaecto, 38, convidou professores de produção editorial, editores universitários e estudiosos do livro como objeto de transmissão de cultura.
Destaca-se a participação do editor André Schiffrin, 77, autor de obras que discutem a excessiva mercantilização da profissão que ele exerce há mais de 50 anos.
Bruno Fernandes/Folhapress | ||
Plínio Martins Filho, diretor-presidente da Edusp |
Ele está na primeira mesa de discussões do dia 6, às 10h, porque seu pensamento, nas palavras da curadora, permite a compreensão "da dinâmica do livro na economia capitalista e das angústias do editor universitário".
Em entrevista à Folha, Schiffrin mostrou sua preocupação com a recente união dos grupos Penguin e Random House. "É, provavelmente, a primeira de várias operações entre grandes grupos que levarão ao oligopólio no setor. A razão para isso é apenas obter mais lucro, com foco em best-sellers."
Schiffrin comanda, há 20 anos, a editora independente The New Press. "Lançamos mais de mil livros, 999 dos quais não teriam sido lançados por outras editoras simplesmente porque não estão dispostas a tomar o risco."
E-BOOKS
Sobre outras novidades do setor, Schiffrin não vê com entusiasmo os livros eletrônicos. "A lista de e-books mais vendidos praticamente replica a dos impressos."
A desconfiança em relação a novas plataformas de leitura é compartilhada pela Edusp. Seu diretor-presidente, Plinio Martins Filho, 61, diz que ainda não é o momento de a editora seguir a trilha. "Tenho a impressão de que tanto se fala de novos suportes para estimular a venda do suporte, não a do livro", diz.
Atuando na Edusp há 22 anos, período em que foram publicados cerca de 1.500 títulos (93 deles em 2012), Martins Filho disse à Folha que nota mudança na aceitação das publicações de editoras universitárias. "Um sintoma disso são os [68] Jabuti que ganhamos desde 1991. Não existe mais qualquer ranço com o livro universitário."
Ele valoriza a sobrevivência da editora em um país "pouco afeito às letras", mas acredita ser este também momento de reflexão.
"Queremos refletir sobre o nosso papel na cultura brasileira. Nosso papel não é concorrer, mas publicar livros que tenham mérito cultural e não mercadológico. Se fizermos um produto de qualidade, ele vai encontrar seu leitor", argumenta.
Martins Filho pretende ler um manifesto em defesa das editoras universitárias na abertura do simpósio, às 10h da próxima segunda-feira.
A programação completa do evento, gratuito e aberto ao público, está em www.edusp.usp.br.
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