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08/11/2012 - 04h44

Crítica: Elegante revisão de clássico aproxima texto do grande público

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LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA

Shakespeare para todos. "Hamlet", encenação de Ron Daniels do texto mais conhecido do dramaturgo inglês, tem as virtudes necessárias ao melhor teatro popular: simplicidade e contundência dramática.

Selma Egrei faz Gertrudes 'menos boba' em 'Hamlet'

Daniels, autor da proeza de tornar a peça palatável e interessante ao público mais amplo, é um encenador brasileiro que trabalhou durante décadas na Royal Shakespeare Company --principal companhia inglesa voltada às montagens de William Shakespeare (1564 -1616).

O diretor fez uma tradução primorosa, com a colaboração de Marcos Daud, em que os versos originais do britânico tornam-se, em português, prosa cristalina.

Nenhuma das cenas desta tragédia de vingança, gênero comum à época do autor, fica de fora da montagem.

A história trágica do filho do rei da Dinamarca, que vê o fantasma do pai morto denunciar o irmão, seu tio, como um assassino usurpador da coroa e das graças de sua própria mãe, desafia encenadores em todo o mundo há quatro séculos.

A opção de Daniels, um especialista na ortodoxia shakesperiana, foi reduzir ao máximo os elementos cênicos, deixando em foco os atores e suas falas.

As cenas se sucedem em ritmo célere, mas constante, o que permite acompanhar sem saltos a trajetória do personagem central.

É, de fato, um espetáculo convencional, que não assume grandes riscos. Mas que, à parte este jogo defensivo, conta com brilho inconteste de Thiago Lacerda como Hamlet.

O ator se sai muito bem deste que é, talvez, o maior desafio de sua carreira, e torna-se credenciado a voos mais ambiciosos.

O elenco é homogêneo, e este equilíbrio sugere um trabalho meticuloso do diretor com os atores. A Ofélia de Anna Guilhermina e a Gertrudes de Selma Egrei também correspondem à direção atenta.

Outro acertos são os telões de André Cortez, figurando céus enevoados. Eles se bastam como fundo e agilizam as mudanças de cena.

É uma cenografia econômica e eficaz, que colabora com a clareza da narrativa e a elegância do estilo cênico.

É notável um artista brasileiro, que fez a vida na pátria de William Shakespeare, trazer de volta um pouco de sua experiência.

Sua perspectiva alarga nossa vivência com Shakespeare, poeta dramático raro e sempre imprescindível.

HAMLET
QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 16/12
ONDE Tuca (r. Monte Alegre, 1.024; tel.: 0/xx/113670-8455)
QUANTO de R$ 40 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

 

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