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12/11/2012 - 05h02

Organizadores da Flupp lançam livro com textos de 43 novos escritores

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ELEONORA DE LUCENA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Foi vendo a novela "Rebelde" na TV que Vitória Cristina da Silva, 15, ouviu falar de Fernando Pessoa. Pesquisou na internet e colocou versos de "Tabacaria" no celular.

Festa literária em morro do Rio tem funk e debate

"Não sou nada/ Nunca serei nada/ Não posso querer ser nada/ À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".

Moradora do Morro dos Prazeres e interessada em literatura, ela acompanhou a montagem da Flupp: ajudou a colar versos nas escadarias e entrou no grupo de teatro sobre Lima Barreto. Coisas muito diferentes da sua rotina até pouco tempo.

"Antes eu não andava no morro. Minha mãe, que trabalha numa creche, não deixava. Tinha muita arma, eu tremia toda. Hoje ainda fico nervosa, mas dá para sentir o ar fresco", conta ela, que adora jogar futebol.

Perto, policiais armados conversam em torno de uma barraquinha de livros. As armas seguem no ambiente.

Foi envolvendo moradores e policiais que a equipe liderada por Ecio Salles e Júlio Ludemir organizou a Flupp. Percorreram 13 comunidades do Rio entre abril e julho deste ano. Fizeram oficinas e debates. Queriam questionar o lugar-comum de que não há leitores em favelas.

Criaram um grupo de 90 pessoas e, depois, escolheram 43 textos para editar o livro "Flupp Pensa" (Aeroplano, 300 págs.). Dessa seleção final, apenas cinco tratam de violência. Uma das novas escritoras é a estudante de jornalismo Yasmin Thayná, 20, que redigiu "MC K_Bela", sobre "dor e cabelo", define.

Ela conta que seu interesse por leitura começou porque o pai, pedreiro na construção dos Cieps no governo Brizola, recebia livros de um programa governamental. "Não tinha estante; ele espalhava livros pela casa e fui lendo", lembra. Hoje, ela está escrevendo seu próprio livro.
"Não é de hoje que os moradores de comunidades populares aprenderam a manipular o principal instrumento das elites, a palavra com que os doutores escrevem as leis que sempre lhes beneficiam, como escrivães lavram as escrituras para delimitar a sagrada propriedade privada", escrevem os organizadores na abertura do "Flupp Pensa".

 

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