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Marcos Paulo se destacou como diretor parceiro e ator carismático
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RICARDO LINHARES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Saudade. Vai deixar saudade. Quando eu comecei a escrever este texto, ao lado de saudade, a outra palavra que me ocorreu associada ao Marquinhos [o diretor Marcos Paulo, morto no domingo] foi confiança.
Como estou sob a influência da vitória do Fluminense, vou usar o futebol como metáfora. Marcos dividia o jogo, passava a bola, recebia, trocava, corria junto para comemorar o gol.
Estava sempre presente, nos bons momentos e também nas fases mais complicadas, que todos os trabalhos atravessam. Era um companheiro querido.
Na última vez em que nos encontramos, ele me disse: "Ricardinho, vamos voltar a nos divertir".
Nós estávamos planejando retomar a nossa parceria. Por diversão, ele se referia a um estilo de novela que marcou a nossa trajetória profissional, iniciada em "Tieta" (1989), adaptação da obra do escritor Jorge Amado escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e por mim, com a direção-geral de Paulo Ubiratan.
Eduardo Anizelli - 14.jul.2011/Folhapress | ||
O ator e diretor Marcos Paulo morreu aos 61 anos |
Marcos fazia o jovem Arturzinho da Tapitanga, um dos vilões, filho do coronel, interpretado com o brilhantismo habitual por Ary Fontoura.
O personagem não tinha destaque no livro, mas cresceu na adaptação, graças ao charme que ele deu ao tipo.
Ao lado de Daniel Filho, Ubiratan foi outra grande influência profissional no início da sua carreira de diretor.
Ele foi um dos grandes diretores da TV brasileira, que até hoje, infelizmente, não recebeu o devido reconhecimento. Quando morreu, Marquinhos foi apontado naturalmente como seu sucessor por ter semelhanças de temperamento e visão do ofício.
A partir de "Tieta", e com Paulo Ubiratan na direção e Aguinaldo Silva no texto, nós realizamos diversos trabalhos de grande sucesso, entre eles "A Indomada "(1997).
Com a morte de Ubiratan, Marquinhos assumiu a direção de "Meu Bem Querer "(1998). E, em 2001, realizou "Porto dos Milagres".
Nesse estilo de novela, um tom acima do naturalismo, com ironia e sátira política, ao lado de efeitos especiais e muitos furdunços na pracinha das fictícias cidades do interior que criávamos, Marcos Paulo estava em seu ambiente.
Ele ria das maluquices que inventávamos, dava sugestões, acrescentava o seu molho. E, assim, apesar do trabalho incessantes, nós nos divertíamos.
Há poucas coisas tão boas quanto rir junto das mesmas coisas com cumplicidade de amigo. Era o que estávamos planejando voltar a fazer. Marquinhos permanece no coração dos seus amigos e na sua obra. Saudade.
RICARDO LINHARES, 50, é autor de novelas da Globo, como "Insensato Coração" (2011) e "Paraíso Tropical" (2007)
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