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30/11/2012 - 06h23

Crítica: Contos dos irmãos Grimm são maravilhosos em várias acepções

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FRANCESCA ANGIOLILLO
EDITORA-ADJUNTA DA "ILUSTRADA"

Animais e fadas, boas e más, santos e demônios, reis e princesas, pescadores e lavradores, anões e gigantes se congregam com magia e humor, mas também crueza e crueldade nos contos populares reunidos pelos irmãos Grimm, Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859).

A recente edição em dois tomos de seus 156 "Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos" (Cosac Naify), que tem hoje evento de lançamento dentro da Balada Literária, comemora os 200 anos da primeira antologia em que os Grimm, preocupados em preservar a tradição oral alemã, reuniram contos populares.

Os Grimm trabalharam anotando relatos ouvidos na fonte e cuidando inclusive de acolher as variações de um mesmo tema e divergências de trama surgidas na coleta.

A fluente tradução de Christine Röhrig consegue manter a simplicidade e a espontaneidade que se imagina haver nesses relatos originais e que, ao longo dos anos e das diversas reedições da obra, se modificaria.

Como recorda a excelente apresentação à coletânea, a cargo do professor de teoria literária da USP Marcus Mazzari, depois desta primeira versão de seu trabalho, os irmãos se encarregariam tanto de dar unidade estilística aos textos como de moldar seus conteúdos de maneira a torná-lo mais apto ao público infantil.

É com deleite que o leitor -ou o ouvinte, no caso da criança que escute as narrativas da presente edição- tem a oportunidade de reconhecer, em suas diferenças, histórias que se tornariam famosas a despeito das fronteiras geográficas, como "Branca de Neve" ou "João e Maria".

Divulgação
Ilustração de J.Borges para "Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos"
Ilustração de J.Borges para "Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos"

Mas é talvez ainda mais prazeroso identificar nessas narrativas possíveis origens para ditos e crenças populares que, transportados através dos tempos, seja na bagagem dos imigrantes europeus ou em produtos mais recentes da indústria cultural, se instalaram também em continente americano.

Cabe aqui mencionar a inteligente escolha de convidar o artista J. Borges a ilustrar os dois volumes. Suas xilogravuras, oriundas da tradição do cordel, funcionam como uma espécie de tradução, elas também, de certa essência popular e de uma expressão do fantástico que desconhece particularidades locais.

A ausência das fórmulas maniqueístas às quais nos acostumaríamos, sobretudo pelas adaptações de desenhos animados, pode preocupar os pais. Da mesma forma, alguns contos desse trabalho original chamam atenção por preconceito religioso.

Que sejam tomados, então, como documento histórico que de fato são e que sejam interpretados no ambiente doméstico ao qual, como frisa o título, se dedicam.

Repetimos, como conselho, o que muito antes das versões da Disney já haviam proposto os próprios Grimm, num dos dois prefácios que a presente edição recupera: é fácil fazer uma seleção.

Não será nenhum sacrifício para os pais e os professores fazer a leitura prévia desses contos que, mais do que de fadas ou da carochinha, merecem a alcunha de maravilhosos em todas as acepções do termo.

CONTOS MARAVILHOSOS INFANTIS E DOMÉSTICOS
AUTORES Jacob e Wilhelm Grimm; ilustrações de J. Borges; apresentação de Marcus Mazzari
TRADUÇÃO Christine Röhrig
EDITORA Cosac Naify
QUANTO R$ 99 (tomo 1, 384 págs.; tomo 2, 288 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
LANÇAMENTO hoje, com contação de histórias, às 19h, e bate-papo, às 19h30, entre Christine Rörhig e Marcus Mazzari (Instituto Goethe; r. Lisboa, 974; tel. 0/xx/11/3296-7000; grátis)

 

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