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06/12/2012 - 03h41

Após ocupar lugares inusitados, Voodoohop é convidada para encerrar 30ª Bienal

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GUSTAVO FIORATTI
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Onde se toca rock não se toca Alceu Valença.

Taí um dogma das pistas paulistanas que ninguém contesta. Ou que ninguém contestava.

Desde 2009, os gêneros convivem na Voodoohop, festa criada pelo alemão Thomas Haferlach, 31, em um pequeno bar da rua Augusta, que passou a ocupar lugares inusitados da cidade.
A veia performática de seus promotores, DJs, VJs e similares tirou a festa de um circuito marginal e a colocou ao lado das artes plásticas.

Após interditar uma edição da festa, em 2010, por falta de alvará, a Prefeitura de São Paulo, nos últimos dois anos, passou a contratá-la para eventos no Centro Cultural São Paulo e no Centro Cultural da Juventude.

No próximo sábado, a Bienal de São Paulo encerra sua 30ª edição com duas festas realizadas pela Voodoo. Das 16h às 22h, a comemoração ocupa o topo de um prédio projetado por Artacho Jurado, no centro, com a proposta de observar o pôr do sol (sim, há algo de hippie no coletivo); após as 23h, a festa migra para um bar no Bexiga.

Entre os cerca de 20 artistas associados ao núcleo, há uma releitura do comportamento do Dzi Croquettes, grupo que fez do desbunde sexual e da festividade fashion dos anos 1970 matéria-prima para espetáculos de dança e música que flertavam com os programas de variedades.

Só que a Voodoo promove esse encontro no espaço urbano, não em teatros. Neste ano, houve uma edição da festa-performance na Virada Cultural em plena cracolândia; em novembro, o evento ocupou a praça Roosevelt.

Na ocasião, Hugo Perucci, performer que, longe das festas, dá aula de educação artística na periferia, cobriu-se dos pés à cabeça com um tecido fibroso --bananas, maçãs e uvas pendiam da roupa. Desfilando pela praça, ele permitia que passantes colhessem as frutas.

Haferlach se defende do rótulo. "A Voodoo não é hippie. Tem estilo psicodélico, carnavalesco, oriental. Hippie virou algo clichê, nem gosto de usar essa palavra", diz.

Nessa levada, ele conquistou agregados. Volatille Ferreira, 28, trabalhava em uma biblioteca da USP até conhecê-lo. Pediu demissão e passou a fazer parte do coletivo. Diz que, na Voodoo, conheceu um "universo diferente" e "foram acontecendo coisas e mais coisas e eu fui me descobrindo", explica o rapaz.

No verão passado, em uma festa no Rio, Volatille se vestiu de arara azul. Usava uma máscara em forma de bico e roupa feita de plumas e franjas. "Os Dzi Croquettes são uma referência, e [Hélio] Oiticica também", diz, citando os parangolés, obra do artista carioca criada nos anos 1960 e apresentada como uma vestimenta.

Desde 2010, o grupo Voodoo tem sede num prédio vazio da rua Dom José de Barros, esquina com a av. São João, no centro da cidade. Ocupam dois andarem. No segundo, são realizadas as festas. No terceiro, há um escritório com mesas improvisadas em cavaletes.

A ideia de ocupar lugares ermos ou esquecidos ganhou força e a Voodoo já fez edições no Minhocão e em uma praça ao lado do Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade.

"A festa é apolítica, mas essa é uma distinção fina. A gente não faz protesto, quer fazer coisas construtivas", diz Haferlach, citando outras ações, como distribuir entradas gratuitas a quem chega à balada de bicicleta.

"Acho eles legais como vizinhos, só não curto que haja cenas de nu explícito na rua, como já vi", conta o vigilante Fábio Freitas, 32, vizinho da sede da Voodoo.

Em São Paulo, a festa chega a reunir 600 pessoas por edição. Os ingressos custam R$ 20. O lucro é dividido entre os promotores, ou subsidia projetos, como as festas realizadas neste ano durante a Documenta de Kassel, megaexposição na Alemanha.

Com o dinheiro de festas, o grupo planeja comprar uma vã e partir em turnê pelo Nordeste, passando pela Chapada Diamantina, no verão.

ENCERRAMENTO DA BIENAL
QUANDO sáb., entre 16h e 22h (no centro) e após as 23h (no Bexiga)
ONDE r. Maria Paula, 42, às 16h; e bar Sambarylove (r. Ruy Barbosa, 42, Bexiga), a partir das 23h
QUANTO R$ 30 (é preciso incluir nome na lista na página voodoohop.com)
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

 

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